
Em uma decisão unanimemente elogiada, a Festa Literária terá a oportunidade de contar mais sobre a história da professora maranhense nascida em 1822 e que lançou, aos 37 anos, Úrsula, considerado o primeiro romance publicado por uma mulher no Brasil e que inaugurou a linhagem da literatura abolicionista, em paralelo a uma produção majoritariamente masculina e branca dos círculos literários brasileiros.
Desde a primeira publicação, Firmina apresentou volumosa colaboração literária, divulgando poemas, enigmas, charadas em jornais de São Luís e, posteriormente, em coletâneas. Sua obra, excluída do cânone, tem inspirado coletivos de leitura, professoras e autoras em todo o país, e a própria Flip.
Inspirada pelo legado de Maria Firmina, a Festa Literária iniciou uma pesquisa sobre coletivos e clubes de leitura. A primeira etapa da pesquisa é um mapeamento, cujo objetivo é conhecer os diferentes perfis desses grupos e criar um canal direto de comunicação. Os clubes e coletivos de leitura devem preencher um formulário on-line para participar da pesquisa. "Tentamos imaginar a maneira mais ampla possível de alcance para que outros estados e comunidades menores tivessem a oportunidade de ter notícias sobre a pesquisa e assim participar", explicou Milena Britto, integrante do trio curador da Flip composto ainda por Pedro Maia e Fernanda Bastos.

A princípio, com os primeiros resultados obtidos com o formulário, os curadores esperam trazer discussões para a programação paralela da Flip e querem também realizar ações durante todo o ano, para que o olhar para os grupos espalhados pelo Brasil e que focam em discutir literatura não se restrinja somente aos cinco dias de evento em Paraty. "Uma ideia é também que haja uma programação virtual e conjunta para que o Brasil inteiro possa acompanhar, mas também existe uma possibilidade de, conjuntamente com os clubes, realizar um evento presencial que possa trazer como convidados os coletivos que não têm muito apoio", conta Milena.
Até o final de outubro, o trio curador espera ter material suficiente para conseguir construir ações trazendo os clubes e coletivos para perto do evento. "Temos total consciência, como curadores, que a Flip é também uma instância de consagração e é uma forma de curadoria de leitura, estamos sugerindo o que supostamente é importante - dentro de um certo conceito e ideia -, o que é importante ler. Então isso tem uma influência e faz as pessoas descobrirem novos autores", contou Pedro Maia. "Se conseguirmos montar uma estrutura em que a curadoria e a Flip sejam porosas para interagir e ganhar conhecimento, isso pode ser muito legal", concluiu.
"A gente entende que colocamos a Flip em diálogo e teremos esses dados pensando em ações de longo prazo. Mas acreditamos que é possível iniciar um legado e trazer mais diálogo para o seu entorno", frisou Fernanda.
O formulário do Mapeamento dos coletivos e clubes de leitura pode ser respondido clicando aqui.