Entre a desordem e a solidão
PublishNews, Redação, 13/06/2022
Em livro publicado pela Fósforo, Leandro Rafael Perez conta a história de Baldomero e aborda a sensação de paralisia que é tentar viver e pensar enquanto se trabalha e sobrevive na era do consumo

Numa São Paulo anterior à Linha Amarela do metrô, o jovem Baldomero – cujo maior desejo é se chamar Valdomiro – transita entre o Centro, a Divisa Diadema e a Cidade Universitária nesta narrativa repleta de desencontros, desordem e solidão que o escritor Bernardo Carvalho chamou de “uma bem-vinda e libertária insensatez”. Operador de telemarketing e afeito às noitadas gays que acontecem entre o baixo Augusta e o Largo do Arouche, este quase anti-herói, em uma eterna crise de identidade expressa no próprio nome, tenta cursar a faculdade de geografia na Universidade de São Paulo enquanto mal consegue pagar o aluguel. Fernanda, sua colega de apartamento e figura de autoridade temerosa, insiste para que Baldomero – Babá, para os íntimos – lhe dê um tempo sozinha em casa para comemorar o aniversário com as amigas. O protagonista não consegue cumprir o pedido; nem ouvir com atenção as confidências de seu melhor amigo, Henrique; ou ainda ter um relacionamento afetivo satisfatório com a família ou com os homens que deseja. Inábil e autocentrado, o que Baldomero realmente consegue é se complicar cada vez mais. Em uma linguagem experimental que alia prosa, poesia e bom humor, Leandro Rafael Perez estreia na ficção com Baldomero (Ou Babá, para os íntimos, inexistentes) (Fósforo, 80 pp, R$ 54,90), uma pequena ode ao Ulysses de Joyce que tem um pé na viadagem e outro no século 21.

Tags: Fósforo, romance
[13/06/2022 07:00:00]