Apanhadão da semana: Briga de egos consagrou o Pasquim
PublishNews, Redação, 13/05/2022
Reportagem na Folha dá conta que a disputa entre Tarso de Castro e Millôr Fernandes foi fundamental no sucesso debochado do Pasquim; item sobre informação de raça do autor no formulário de inscrição do Jabuti levanta discussões

Na Folha, reportagem mostra que a luta de egos entre os sócios Tarso de Castro e Millôr Fernandes foi importante para que o humor irreverente e a incorreção política fizessem o sucesso do semanário O Pasquim, editado no momento mais opressor da liberdade de imprensa pela ditadura militar. Rato de redação: Sig e a história do Pasquim (Matrix), de Márcio Pinheiro, mostra como um jornal debochado conseguiu vender 200 mil exemplares por semana sob o tacão do AI-5.

A Folha também trouxe entrevista com Luciano Magno, autor da biografia do cartunista carioca J. Ozon, que, além de um destacado trabalho desenhando entre as décadas de 1930 e 1960, também foi editor pioneiro dos livros de Nelson Rodrigues. J. Ozon: o editor e o cartunista (Gala Edições) é um livro fotográfico, de formato grande, que, além de trazer um personagem fascinante, oferece muitas histórias sobre a antigo mercado editorial brasileiro.

Um tuíte do escritor Sérgio Rodrigues comentou sua surpresa ao ver que o processo de inscrição do Prêmio Jabuti deste ano tem um campo que pede informação sobre a raça do autor que deseja participar. Houve alguma repercussão, noticiada pela Folha e pelo Globo. Entre estranheza e questionamentos de escritores, os cientistas sociais ouvidos pelos jornais se manifestaram a favor da inclusão desse dado, considerado importante para o mapeamento do avanço das pessoas negras dentro desse universo do mercado editorial. De modo geral, poucas pessoas enxergaram algum caráter racista no episódio.

Está no Globo a provável história mais engraçada da semana. A escritora americana Jumi Bello teve seu livro The Living cancelado em fevereiro pela editora Riverhead Books, depois de acusações de plágio. Ao defender esse que é seu romance de estreia, a autora publicou nota sobre o caso, na qual até admite copiar trechos de outros livros para reescrever tudo depois. Mas a graça da história veio agora: a nota de Bello também foi “cancelada” e retirada das redes porque o texto da nota é... um plágio!

O Estadão trouxe entrevista com a sul-coreana Cho Nam-Joo, roteirista de TV que precisou largar o emprego para se tornar dona de casa depois do nascimento do filho. Revoltada com a posição secundária de muitas mulheres na sociedade da Coreia do Sul, ela fez pesquisas e decidiu escrever Kim Jiyoung, nascida em 1982 (Intrínseca). O livro causou grande impacto nos debates sobre desigualdade e discriminação de gênero na Coreia e caiu no gosto popular fora do país, sendo traduzido para 18 idiomas e registrando vendas de mais de 1 milhão de exemplares.

Também no Estadão, na coluna Um livro por semana, Maria Fernanda Rodrigues discutiu como os discursos dos escritores ganhadores do Nobel dão pistas sobre seus processos e bastidores de criação. Ela busca exemplos nos agradecimentos da poeta polonesa Wislawa Szymborska (1923-2012) e do escritor português José Saramago (1922-2010). E destaca o discurso de agradecimento do japonês Kazuo Ishiguro em 2017, que foi transformado no livro Minha noite no século vinte e outros pequenos avanços (Companhia das Letras).

[13/05/2022 10:00:00]