
É uma iniciativa pioneira. A única newsletter dedicada ao áudio no mercado. "Quando a gente fala hoje de áudio, não fala de nada novo, mas de uma coisa reempacotada de uma maneira diferente", explica Palme. "O áudio teve uma iniciativa na década de 1990, com o CD-Rom, mas as pessoas não entendiam muito bem como funcionava, as lojas não abriam espaço, então isso ficou ali, meio dormente. Quando os aplicativos vieram, o áudio ganhou mais força, ficou mais fácil."
Ele destaca o crescimento dos audiobooks. Nos EUA, o maior mercado no mundo, eles evoluíram junto com a progressão das mídias, desde o cassete. "Os países nórdicos são um case interessante", aponta o colunista. "Nesses mercados, digamos, mais imaturos, sem a cultura de áudio como escolha de entretenimento, isso acontece mais recentemente. No Brasil, não é o desafio de vender uma marca, é de vender o hábito, muito mais do que qualquer coisa. Os podcasts ajudaram, trouxeram proximidade para um conteúdo de áudio que não é música.
A proposta da newsletter é falar com a indústria. Para Palme, as pessoas que já estão no mercado nem sempre sabem como atuar nesse universo. E muita gente não enxerga a possibilidade de entrar nessa área. "Um profissional de comunicação, por exemplo, ele se forma e dificilmente vê a indústria de áudio como algo em que ele possa atuar. Quando começamos a trabalhar com audiobook, a gente tinha literalmente que caçar pessoas para narrar, editar conteúdo, alugar estúdio. E hoje em dia já existe um mercado bem movimentado."
Palme lançou, em parceria com a Escola Britânica de Artes Criativas (Ebac), o Curso de Produção de Conteúdo em Áudio. Embora tenha alguns convidados, ele dá a maioria das aulas. O programa passa por todas as etapas, até direito autoral e divulgação de áudios. Ele também prepara, para abril, um podcast, ainda sem nome, em parceria com a produtora Pod360.
Ainda em fase de produção, o projeto vem com a ideia de fomentar uma conversa com as vozes da indústria do áudio para entender desafios, propor caminhos e fomentar a indústria.
Para um futuro recente, Palme acredita que a utilização de inteligência artificial, para a narração virá com força. "Hoje, a seleção de vozes é com as pessoas, temos bancos de vozes. Por exemplo, uma biografia do Arnaldo Jabor. Precisamos então encontrar uma voz masculina, madura, tentamos achar o narrador adequado. Daqui a pouco, você poderá entrar num software e pedir uma voz masculina, de 70 anos e com sotaque carioca."