Um passado imperfeito
PublishNews, Redação, 09/12/2021
Premiado thriller psicológico de Ottessa Moshfegh acompanha um período decisivo da juventude da personagem Eileen

Meu nome era Eileen (Todavia, 272 pp, R$ 69,90 – Trad.: Ana Ban), livro de Ottessa Moshfegh, transcorre em um passado para lá de imperfeito. Com um olhar retrospectivo, a narradora conduz o leitor a 1964, um período decisivo de sua juventude desarranjada, marcada pelo alcoolismo desenfreado do pai, pela morte da mãe, pelo caos doméstico e pelo inverno gélido que castiga a Cidadezinha X, pequeno centro urbano da Nova Inglaterra onde a protagonista nasceu e cresceu. Com uma índole marcada por um misto de perversão e recato, Eileen enfrenta os embaraços da descoberta da sexualidade, a relação hipervigilante com o próprio corpo e o desejo sempre adiado de abandonar o tédio de sua cidade natal. Um encontro aparentemente imprevisto com outra mulher leva Eileen a uma situação-limite, permeada pelo desejo e pela violência. De repente a protagonista se vê diante de um paradoxal ajuste de contas, impelida pela vontade de emancipação e pela urgência de uma “vida nova”. Se a princípio a história parece circunscrita às agruras pessoais da narradora, aos poucos fica claro que os eventos recuperados por sua memória ultrapassam o drama familiar para dizer ao leitor algo sobre a brutalidade, a hipocrisia e os arraigados sistemas de controle de toda uma sociedade.

Tags: ficção, Todavia
[09/12/2021 16:00:00]