Sob influência do passado
PublishNews, Redação, 24/05/2021
'A metade perdida', de Brit Bennett aborda o racismo e o colorismo em uma comunidade negra

Com a intenção de tirar do lugar-comum o debate sobre o preconceito racial, Brit Bennett apresenta, em A metade perdida (Intrínseca, 336 pp, R$ 54,90 - Trad.: Thais Britto), a história das irmãs Vignes, gêmeas idênticas que aos 16 anos resolvem fugir de casa. Mais de uma década depois, uma delas volta para a cidade natal – uma comunidade no sul dos EUA povoada por negros de tons de pele claríssimos que se esforçaram ao longo de gerações para manter essa característica. Quando a recém-chegada surge acompanhada não da irmã, mas de uma criança de pele muito escura, a reação entre os moradores é de choque. Para as gêmeas, a separação não significou apenas o rompimento de um laço sanguíneo. Elas se encontram em pontos muito distantes em uma sociedade racista: enquanto uma se casa com um homem negro e é obrigada a retornar ao lugar de onde escapou tantos anos antes, a outra é vista como branca, e o marido branco não faz ideia de seu passado. Ainda que separadas por milhares de quilômetros – e incontáveis mentiras –, as duas permanecem com o destino interligado. E o que acontecerá quando os caminhos de suas filhas acabarem se cruzando também? Ao reunir diversos núcleos e gerações de uma mesma família, do extremo sul dos EUA à Califórnia, entre os anos 1950 e 1990, Brit Bennett constrói uma história que analisa de forma brilhante conceitos como passabilidade e colorismo. A metade perdida é finalista do Women's Prize 2021.

[24/05/2021 07:00:00]