Uma história de amadurecimento
PublishNews, Redação, 24/06/2025
Neste romance de formação com tintas autobiográficas, Simone Campos conta a jornada de uma menina desde a infância, quando se converte a uma renomada denominação evangélica, até a vida adulta ― momento em que rompe com a igreja

Nascida em uma família católica nos anos 1980, a narradora de Mulher de pouca fé (Companhia das Letras, 240 pp, R$ 89,90) se converte, ainda criança, a uma influente igreja evangélica no Rio de Janeiro depois que o pai decide abraçar a doutrina pentecostal e se torna um fiel fervoroso. Para quem nunca se sentiu acolhida na escola, entre colegas, e pela sociedade de modo geral, a religião surge como resposta para a dor da solidão. Fazer parte da igreja passa a ter muitos significados. Vestir o rótulo de “crente” num meio de classe média em que eles são minoria a enquadra em um estigma, mas por outro lado faz com que a menina se sinta parte de algo maior. Precoce, desde criança é chamada a cumprir papéis importantes na comunidade religiosa. No auge da juventude, alguns episódios fazem com que a personagem passe a questionar as próprias convicções, e ela decide romper com a igreja. Já adulta, recebe o diagnóstico de autismo e busca se reaver com o passado a partir de novas interpretações para as situações que a formaram. Escrita por Simone Campos, Mulher de pouca fé é uma obra de ficção que parte de um testemunho real para narrar uma trajetória pouco convencional, em que a religião se apresenta, num primeiro momento, como acolhimento e, mais tarde, como privação.

[24/06/2025 07:00:00]