Os horrores do maior hospital psiquiátrico do Brasil
PublishNews, Redação, 11/05/2021
Em 'Cinzas do Juquery', o ex-funcionário José da Conceição relata as rotinas de maus-tratos e torturas que aconteceram no local

Muito já se escreveu sobre o Juquery, o maior hospital psiquiátrico do Brasil. Na maioria das vezes, deu-se as piores notícias daquele assombroso lugar, em reportagens e livros. Na década de 1970, a instituição abrigou, segundo números oficiais, mais de 18 mil pacientes, o dobro de sua capacidade máxima de atendimento e internação – fazendo com que as instalações, os funcionários e os pacientes estivessem sempre à beira de um colapso. Maus-tratos, abandono, imundice, abuso de autoridade, sujeira e outras práticas desumanas marcam a história de mais de um século do lugar. Não é diferente na obra Cinzas do Juquery (Noir, 150 pp, R$ 49,90 – Ilustração: José da Conceição). Mas, em vez de pesquisas, estudos, prontuários e entrevistas, a voz aqui é de uma testemunha, o enfermeiro José da Conceição, que ali trabalhou por 27 anos, entre as décadas de 1960 e 1990. Com uma memória singular, ele recupera, em depoimento ao repórter Daniel Navarro Sonim, histórias de alguns dos personagens mais curiosos do manicômio. E constrói um roteiro de terror que revela a dimensão do descaso do poder público no Brasil em tratar seus doentes mentais.

[11/05/2021 07:00:00]