Pablo Funchal, da xGB, startup especializada em realidade aumentada, defendeu que o livro é um dos setores que mais podem se beneficiar da realidade aumentada. “A RA pode ressignificar os materiais impressos. Com elas o livro deixa de ser um material estático em duas dimensões e passa a admitir conteúdos audiovisuais”, disse durante a conversa que teve com Vicente Vieira, sócio-fundador da Manifesto Games. E, o melhor: tudo isso pode ser feito a partir o livro que já existe. Não requer a reimpressão, por exemplo, já que a tecnologia está embarcada no dispositivo que fará a leitura da realidade aumentada e não no livro em si.
Além de enriquecer os livros, a RA pode ser uma fonte extra de renda para criadores de conteúdos editoriais, defendeu Pablo, citando, a possibilidade de um livro trazer uma imagem estática na sua edição impressa que, lida por um dispositivo de RA, pode se transformar em uma imagem em três dimensões. E esse extra pode ser cobrado à parte, em um modelo de assinatura, por exemplo.
Há ainda a possibilidade de atualizações de livros já existentes por meios de RA, o que garantiria, segundo os painelistas, uma sobrevida maior ao livro impresso.
“Exigir que as pessoas leiam da mesma forma que liam antes, quando não havia todos esses recursos é um contrassenso. Da mesma forma que é um contrassenso brigar contra as tendências. O importante é incorporar essas tecnologias na rotina de leitura das pessoas”, sugeriu Pablo.
A inclusão da realidade aumentada nos livros pode trazer outros benefícios à indústria editorial: pode ajudar a dar sinais dos hábitos de leitura dos consumidores dos livros. “A partir do momento em que a pessoa pega o celular e interage com o livro, isso pode gerar um relatório, respeitando os limites da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)”, apontou Pablo. “Assim, o editor vai saber qual a parte do livro que está mais quente, qual o horário que leitor fez isso, mapeando alguns hábitos de leitura. Esse tipo de informação é o ‘novo petróleo’”, resumiu o especialista.
Pablo falou ainda sobre os custos para implantação dessas tecnologias, garantindo que não são proibitivos ou inviabilizadores de projetos.
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