
Na semana passada, a varejista pediu ao juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho prazo de 90 dias para apresentar um novo plano e de 180 dias para a convocação de uma assembleia geral de credores. É nessa reunião que os credores aprovam ou não o plano.
A justificativa apresentada pela companhia é que as consequências da pandemia de covid-19 agravaram a situação da crise econômica colocando a empresa em uma situação de impossibilidade de cumprimento do plano anteriormente aprovado. No pedido, a Saraiva informa que a redução do seu faturamento já resultou inclusive na incapacidade de arcar com os salários de seus funcionários.
Em sua decisão, o magistrado diz que está sensível à questão, mas observa que é preciso avaliar a situação; verificar se o plano estava sendo regularmente cumprido e atentar para o impacto que a suspensão de pagamentos pode causar aos credores.
Diante disso, Paulo Furtado pede à administradora judicial que apresente informações necessárias e emita um parecer em dez dias.
O plano aprovado em agosto passado prevê o pagamento de 60% do valor devido aos “credores estratégicos incentivadores” parcelado em 15 anos, com escalonamento progressivo: nos dez primeiros anos, a empresa propõe pagar 2,66% do total devido a cada ano e esse percentual cresceria no decorrer dos anos, indo para 6,8% no 11º ano; 15,26 no 12º; 18,01% nos anos 13 e 14 e finalizando com 18,08% no 15º ano.
Os 40% restantes seriam pagos com 50% da geração de excedente do seu caixa ou em bônus conversíveis em ações da Saraiva.
Os imóveis de Guarulhos
Na mesma decisão, o juiz informa que a Saraiva vendeu dois imóveis que eram utilizados pelo seu braço editorial, vendido em 2015. O PublishNews já tinha tratado dessa venda em outra matéria na semana passada. A novidade é que um outro interessado ofereceu melhor proposta e a varejista conseguiu vender os ativos por R$ 25 milhões, R$ 5 milhões a mais do que a primeira proposta. A recuperanda informou ao juiz que destinará estes recursos para o pagamento prioritário de créditos trabalhistas.
A Saraiva devia R$ 675 milhões, quando pediu recuperação judicial. Desse total, R$ 7,2 milhões eram de créditos trabalhistas.