Apanhadão: como o mercado editorial tem enfrentado a nova crise
PublishNews, Redação, 30/03/2020
E mais: O efeito da pandemia para escritores e profissionais do livro; colunas fazem indicações de livros para a quarentena; Alameda prepara clube de assinaturas e o crescimento da literatura feminista

Mercado editorial se prepara para a pior crise da história. A Folha fez uma análise da situação do setor por conta do novo coronavírus focando no embate entre livrarias e editores. As livrarias físicas ainda são o cerne do negócio e as duas maiores delas já estão em apuros. A Saraiva anunciou a suspensão dos pagamentos por tempo indeterminado e a Cultura fez o mesmo em comunicado a seus fornecedores. Mas desta vez elas não estão sozinhas já que todas as livrarias mais importantes já pediram renegociação de prazos com editores, gerando um nó na cadeia difícil de desatar. Segundo a matéria, a previsão é de uma retração imediata no setor que fica entre 60% e 70% do faturamento. Isso se o varejo reabrir daqui a dois meses. As livrarias serão fundamentais numa eventual retomada das vendas, mas o dilema na equação é como fazer todos sobreviverem.

Quem também sofre os efeitos da pandemia são os escritores que tiveram seus eventos e palestras cancelados, que para muitos, é de onde tiram seu sustento. O Painel das Letras também citou outro impacto no mercado: o sofrido pelos profissionais do livro que prestam serviço como pessoas jurídicas – caso de designers, tradutores, preparadores e revisores. A expectativa é que, se o mercado demorar a voltar ao normal, haja desemprego massivo nesse setor. Pensando na suspensão dos lançamentos e dos sebos que só dependem das vendas on-line, enquanto durar a crise a coluna dará dicas de obras fora de catálogo. Clique no link para conferir.

Quem também passará a indicar livros é a Babel. O blog da coluna começou no último sábado a seção 1 Livro por Semana. O primeiro livro escolhido foi Arquivo das crianças perdidas (Alfaguara), da mexicana Valeria Luiselli. A obra venceu na última segunda (23) o Prêmio Folio que abrange obras de ficção, não ficção e poesia publicadas na Grã-Bretanha.

A coluna ainda adiantou que a TAG lança no próximo dia 5, uma série de sete minidocumentários com depoimentos de escritores com o tema "A leitura é a menor distância entre você e você mesmo. Encontre-se". Participam Alejandro Zambra, Pilar del Río, Javier Cercas, Contardo Calligaris, Conceição Evaristo, Ayòbámi Adébáyò e José Luís Peixoto. Quem também terá um clube de assinaturas é a Alameda. A Coleção Garimpo dos Editores enviará aos assinantes a cada seis meses, uma obra rara da editora numa edição especialmente preparada para o projeto. O lançamento deve acontecer no dia 1º de julho com uma coletânea de textos de Domício da Gama.

O adiamento dos eventos literários - tema do Podcast do PublishNews desta semana – também pautou uma matéria da CBN. O veículo conversou com os responsáveis pela Flip e Bienal de São Paulo para saber como ficam os eventos e ainda ouviu Ismael Borges, da Nielsen Brasil, sobre o impacto das vendas on-line no momento atual.

Apesar do momento atual e da crescente retração do mercado editorial no Brasil, algumas iniciativas ainda brotam e florescem. Segundo o Estadão, literatura feminista é uma que vem ganhando espaço no país. e rema contra a maré dos números. Como exemplo, a matéria cita a Pólen Livros que tem agora 80% do seu faturamento vindo de livros como Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, de Jarid Arraes e da coleção Feminismos Plurais, parceria com Djamila Ribeiro. A Primavera Editorial também redirecionou seu catálogo há três anos e desde então, 75% das obras publicadas são sobre feminismo e universo feminino. Com isso, o faturamento subiu em torno de 30% no primeiro ano, 20% no segundo e 18% em 2019.

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[30/03/2020 07:00:00]