Ela defende que nos próximos cinco anos, a indústria do livro deverá se tornar mais diversa tanto nas suas publicações quanto na sua força de trabalho. O editor de 2025, na avaliação de Margot, deverá correr riscos ao publicar livros que representam pessoas marginalizadas. “Com tantos livros sendo publicados, é desejável que todos sejam representados”, disse apresentando dados de uma pesquisa que revelou que apenas 4% dos personagens dos livros publicados no Reino Unido são negros, asiáticos ou de minorias étnicas. A representação, segundo ela, é importante não só porque é a coisa certa a se fazer, mas porque, com ela, os editores vão alcançar novos leitores quando esses se virem representamos nos livros.
A segunda previsão de Margot é que a indústria editorial se tornará mais difusa e cada vez mais virtual. Ela defendeu que há uma tendência de as editoras fugirem dos grandes centros urbanos por uma questão financeira e que novos polos literários surgirão em cidades mais baratas. “Você não precisa estar numa grande capital para fazer livros de qualidade. Isso nos remete novamente à diversidade: se você não está espalhado por todo o país, não está em contato com o humor do país, você está em uma bolha. Bolhas criativas não produzem arte inovadora”, argumentou. Neste sentido o trabalho remoto deve ganhar força, na avaliação da editora.
Margot avalia que o editor deverá se voltar ainda mais para o consumidor final. “Editores de sucesso serão orientados pelas comunidades e encontrarão maneiras de se conectar com os leitores além das páginas dos livros”, apresentou citando o sucesso de booktubers, bookstagramers e os poetas que surgiram pelas redes sociais, com destaque especial a Rupi Kaur. Ela falou também na necessidade de editores criarem eventos pensados nos leitores, como encontros com autores e participação em eventos como Comic Con. “Os editores têm que investir nisso se quiserem se manter relevantes”, concluiu o assunto.
Ela seguiu dizendo que o editor de 2025 deverá dar conta de entender e aproveitar os dados oferecidos por seus clientes. Ela prevê que até 2025, dois terços dos livros sejam vendidos por meio da Amazon e prevê ainda um crescimento exponencial do Kindle Unlimited, o serviço de subscrição de e-books da gigante de Seattle. No entanto, ela alertou que a Amazon não compartilha seus dados com os editores e autores independentes do KDP. “Hoje, ninguém no mundo conhece tão bem o leitor quanto a Amazon. Eles coletam uma tonelada de dados deles, mas não compartilham com os editores. É por isso é que eles estão ganhando o jogo”, disse.
Finalizando as suas previsões, Margot defendeu que os editores de sucesso em 2025 publicarão em diversos formatos e diversificarão suas receitas. “Nunca antes na história o consumidor esteve tão disposto a pagar por conteúdos digitais. O editor precisa tirar vantagem disso”, conclamou. Ela citou o sucesso de plataformas como Netflix e Spotify. A música e o cinema já deram esse salto e ela se questionou quando é que o livro finalmente os seguirá. Neste sentido, Margot apontou para um possível crescimento do consumo de contos pelos canais digitais. A atenção do leitor, segundo a sua avaliação, será cada vez mais curta, por isso, textos menores poderão ser consumidos com mais facilidade. Para finalizar, ela puxou sardinha para a própria brasa ao lembrar que o editor deve levar em conta a possibilidade de diversificar suas receitas por meio do financiamento coletivo e de pré-vendas não só nessas plataformas, mas também em livrarias.