A rainha guerreira da África
PublishNews, Redação, 21/01/2019
Lançamento da Todavia conta a história de Jinga de Angola, mulher livre, corajosa e orgulhosa que soube defender ardentemente sua posição e africanidade

A “Cleópatra da África Central” teve petulância o suficiente para enfrentar as impiedosas lutas de poder dominadas pelos homens de seu tempo. Poderosa e destemida, a rainha Jinga não recuou um centímetro para tentar preservar seu território dos colonizadores portugueses na África. No século XVII, essa figura, cuja inteligência tinha o mesmo grau de sua ferocidade, desafiou todas as limitações impostas ao seu gênero. O livro Jinga de Angola (Todavia, 320 pp, R$ 89,90 – Trad.: Pedro Maia Soares) certamente abala as narrativas hegemônicas sobre a história da África. No auge de seu reinado, na década de 1640, Jinga governava quase um quarto do norte de Angola nos dias de hoje. Perto do fim de sua vida, cansada da guerra, fez as pazes com Portugal e se converteu ao cristianismo – embora sua devoção à nova fé fosse questionada. Em um mundo onde as mulheres eram subjugadas pelos homens, Jinga reiteradamente superava seus competidores do sexo masculino e desrespeitava as normas estabelecidas, arrebanhando inclusive um sem-número de amantes de ambos os sexos. Hoje ela é reverenciada em Angola como heroína nacional e homenageada nas religiões populares. Seu complexo legado forma parte crucial da memória coletiva do mundo afro-atlântico.

[21/01/2019 07:00:00]