Em 2017, mercado espanhol de livros viveu seu quarto ano de crescimento consecutivo
PublishNews, Leonardo Neto, 16/02/2018
Segundo Javier Celaya, esse caminho ‘indica que a Espanha finalmente está se recuperando da enorme crise financeira que corroeu em mais de 700 milhões de euros as vendas de livros entre 2007 e 2014’

A Espanha é o quinto país mapeado pela série PubMagNet 2018, que vem trazendo, desde o início de fevereiro, dados sobre como foi o ano passado em alguns países onde há representantes de um grupo de jornalistas e observadores da indústria editorial do qual o PublishNews faz parte. Quem informa sobre o país é Javier Celaya, da Dosdoce. Ele adianta que dados oficiais sobre o mercado só sairão entre maio e junho, mas que, fontes indicam que o mercado espanhol vivenciou um outro ano de pequeno aumento nas vendas, algo em torno de 3%.

Fachada da livraria Casa del Libro na Gran Via em Madrid | © Divulgação
Fachada da livraria Casa del Libro na Gran Via em Madrid | © Divulgação

“Depois de quase uma década com as vendas de livros impressos em declínio, o mercado espanhol ressurge com quatro anos de crescimento consecutivos”, pontua o colega. Ele lembra que em 2014, houve aumento de 0,6%; em 2015, de 2,7% e de 2,8%, em 2016. “Este pequeno caminho de crescimento indica que a Espanha finalmente está se recuperando da enorme crise financeira que corroeu em mais de 700 milhões de euros as vendas de livros entre 2007 e 2014”, analisa.

Segundo Javier, o maior propulsor dessa retomada foram os livros CTP e as vendas digitais. “Paralelo a essa retomada das vendas de livros impressos, o mercado espanhol também vivenciou um impressionante crescimento das suas vendas digitais”, disse Javier. “Fontes oficiais indicam que as vendas digitais representam 5% do total do mercado, enquanto que fontes como a Bookwire e a Libranda [agregadoras digitais] indicam que as vendas digitais podem representar até 11% do total de vendas”, declarou.

Javier observa que essa diferença dos números se deve à metodologia de cada um dos informantes. A fonte oficial, a Federação Nacional de Editores, calcula suas vendas digitais – como é feito no Brasil – a partir de um questionário que é enviado a 727 membros. Segundo Javier, apenas 332 responderam no ano passado. Ele lembra ainda que 15% das editoras pequenas ou médias desfiliaram da Federação para economizar. Paralelo a isso, defende Javier, as agregadoras digitais consultadas calculam seus números de vendas digitais tendo como base as vendas ocorridas em suas plataformas.

Segundo Javier, o preço do livro digital é uma grande questão nesse mercado. “Como ocorre em outros mercados internacionais, as cinco maiores editoras decidiram manter um preço maior para seus e-books”, pontua o analista. Segundo ele, o preço médio do e-book subiu de 9,99 euros em 2007 para 12,99 em 2017. “Na minha opinião, essa estratégia de preços se baseia na lógica de que muitas editoras executaram no último ano: menos leitores é igual a menos vendas, portanto, precisa aumentar os preços para manter as mesmas margens. Essa mesma estratégia foi aplicada no passado pelo mercado de mídias (jornais e revistas), com resultados horríveis”, alerta.

Javier aponta uma peculiaridade importante nesse mercado que é a capacidade de exportação das editoras espanholas. Ainda se atendo ao formato digital, ele aponta que os editores espanhóis apontaram um crescimento de mais de 50% no volume de vendas fora da Espanha. O México, por exemplo, representa algo perto de 20% do total das vendas digitais. O mercado "hispanoablante" dos EUA, outros 19% e a Colômbia tem se tornado um mercado emergente na América Latina, com 10%.

Sobre a PubMagnet

Em 2017, o PublishNews realizou uma série de matérias especiais que mapearam o mercado de livros em seis países: Alemanha, Espanha, EUA, França, Japão e Reino Unido. Apelidada de PubMagNet, a série surgiu a partir das informações trocadas em um grupo de jornalistas, analistas e observadores do mercado editorial mundial que existe há mais de dez anos. A rede, que leva o mesmo nome da série, tem como objetivo o intercâmbio de informações, dados e notícias vindos de diversas as partes do mundo e se reúne duas vezes por ano, sempre em outubro, durante a Feira de Frankfurt, e no início do ano, em algum país da Europa. Nesse ano, a reunião aconteceu em Oslo (Noruega). Além do PublishNews, participaram da PubMagNet representantes dos seguintes países: Alemanha (buchreport), China (bookdao), EUA (Publishers Weekly), Espanha (Dosdoce), França (Livres Hebdo), Itália (Informazioni editoriali), Japão (BunkaNews) e Reino Unido (The Bookseller).

[16/02/2018 11:01:00]