A primeira vez a gente nunca esquece
PublishNews, Talita Facchini, 10/11/2017
Talita Facchini escreve para o Blog da Redação do PN contando como foi a sua experiência na Feira do Livro de Sharjah, a sua primeira experiência internacional representando o PN

Falam que quando uma boa oportunidade aparece, temos que aproveitar e fazer dela a melhor experiência possível. Quando o convite para cobrir a Feira do Livro de Sharjah apareceu, mesmo com a insegurança e o frio na barriga, soube que seria uma oportunidade única e não poderia deixar passar. Era a minha primeira vez numa missão internacional representando a redação do PublishNews.

Entre um compromisso e outro, Talita conseguiu tempo para conhecer o deserto de Sharjah | © Acervo pessoal
Entre um compromisso e outro, Talita conseguiu tempo para conhecer o deserto de Sharjah | © Acervo pessoal

Logo que desci do avião encontrei com os editores brasileiros que iriam participar da Jornada Profissional, o que me fez sentir um pouco melhor, já que não era a única a conhecer o país pela primeira vez. Posso começar falando sobre eles: Erivan Gomes, Suria Scapin, Marco Antonio Garcia de Souza, Rita Mattar, Kin Guerra, Karine Pansa e Luiz Álvaro foram as melhores companhias nos meus primeiros dias em Sharjah. Com a maior simpatia e naturalidade, consegui aprender com eles várias coisas sobre o mercado editorial com um olhar mais técnico, além de receber dicas sobre muitos outros assuntos.

A Jornada Profissional aconteceu durante os dois primeiros dias, tempo esse em que os editores passaram por diversas reuniões com profissionais de outros países a fim de fazer novos contatos e abrir novas portas para suas editoras. E eu estava ali como uma espécie de observadora, olhando o que acontecia. O que, de cara, aprendi é que nada acontece de um dia pro outro e que ser editor é saber analisar com calma, livros e pessoas diferentes e saber qual a melhor escolha para o seu negócio.

O mercado editorial em Sharjah

Sharjah não tem medo de investir. Acredito que esse seja o maior segredo. O Sharjah Publishing City é um bom exemplo desse investimento: o lugar é gigante e impressiona. São 400 salas preparadas para receber editoras do mundo todo e facilitar o trabalho delas em diversos aspectos, desde a tradução até a impressão. Sobre isso, escrevi essa nota, na qual explico um pouco como funciona essa zona franca mundial do livro.

Outra iniciativa é o Emirate Publishers Association (EPA), que criado em 2009 por iniciativa da Sheikha Bodour Al Qasimi, tem como objetivo desenvolver o setor editorial nos Emirados Árabes Unidos (EAU) e os interesses dos profissionais da indústria editorial.

Essa organização assinou, no primeiro dia da feira, um acordo com a National Media Center para fortalecer ainda mais a relação entre as duas organizações, para que ambas possam agilizar os esforços dos departamentos governamentais e contribuir para o desenvolvimento do setor editorial dos Emirados Árabes Unidos. Um dos principais objetivos da EPA é também fortalecer localmente as leis de direitos autorais.

Para que isso aconteça, a ideia é criar o Reproduction Rights Organization, que levará em conta a preocupação dos profissionais da área. “Estamos em discussão com o Ministério da Economia e nos últimos anos participamos de conferencias e outras palestras para explicar o que a RRO é e encorajá-los a nos apoiar, porque o principal objetivo é proteger os direitos dos escritores e editoras”, me explicou Rawan Dabbas, diretora internacional da EPA.

A Feira

O governo apoia de verdade as iniciativas para transformar de vez Sharjah na Capital Cultural dos Emirados Árabes. Andar pela feira, principalmente na sexta e no sábado não é para qualquer um e dar dez passos no meio de toda multidão pode demorar uns bons minutos. Segundo os números divulgados pela Feira, 728 mil pessoas passaram pelo Expo Center Sharjah nos primeiros cinco dias de evento, que segue com a sua programação até amanhã.

Como nas nossas Bienais, o maior público da feira é formado por crianças e estudantes, e durante todo o dia acontecem palestras, bate-papos com autores, oficinas, rodas de leitura e muitas outras atividades para manter o público ativo. Isso parece funcionar, já que a maioria dessas atividades que vi estavam sempre lotadas.

Iniciativas para melhorar a educação e o acesso à leitura também não faltam. A Fundação Kalimat para o Empoderamento das Crianças, fundação que busca assegurar o direito básico de cada criança de ler e ter acesso aos livros, e a Etihad Airways também assinaram um acordo durante a feira para facilitar a entrega de livros e outros materiais educacionais para crianças desfavorecidas.

A cidade

Sharjah é uma grande cidade como outra qualquer, com muito (muito) transito, muitos prédios e pessoas ocupadas. Também é organizada, limpa e aparentemente segura. Lógico que a cultura é bem diferente da nossa, mas não precisei usar lenços, comi normalmente com a mão esquerda (sou canhota e, antes de ir, recebi a dica de que usasse a minha mão destra para comer...) e ninguém me ofereceu nenhum camelo.

Para quem pretende visitar Sharjah, aconselho andar a noite pela cidade. A temperatura, que durante o dia pode chegar a 35°C, é mais agradável e é quando as pessoas saem de casa para fazer seus piqueniques e andar pelos parques sem a preocupação derreter em menos de meia hora.

Sharjah na Bienal de São Paulo

Sobre Sharjah ser o convidado de honra da Bienal de São Paulo ano que vem, nenhuma novidade a acrescentar. Al Ameri, presidente da Feira, preferiu guardar segredo sobre o que eles planejam e só comentou que “será uma oportunidade para troca de conhecimento e para apresentar nossa literatura e nossa cultura para os brasileiros”.

Posso dizer que toda essa viagem me ensinou muitas coisas. Conheci ótimas pessoas, lindos lugares e aprendi muito sobre o meu trabalho. Toda a insegurança que senti antes de viajar agora parece algo bobo e sei que numa próxima vez posso fazer ainda melhor.

Câmara da Indústria e Comércio, lugar onde aconteceu a Jornada Profissional
Câmara da Indústria e Comércio, lugar onde aconteceu a Jornada Profissional

Entrada da feira
Entrada da feira

Feira lotada na sexta-feira
Feira lotada na sexta-feira

Pôr do sol no deserto
Pôr do sol no deserto

À noite, com 28º, 29ºC fica mais fácil de sair de casa
À noite, com 28º, 29ºC fica mais fácil de sair de casa

Mesquita Al Noor
Mesquita Al Noor


Tags: Sharjah 2017
[10/11/2017 10:38:00]