Planejada para ser uma celebração à liberdade de expressão, a Bokmässan, maior evento do livro e da literatura dos países nórdicos e um dos mais importantes da Europa, terminou nesse domingo (1º) com menos visitantes do que o esperado.
Num teste aos limites do conceito de liberdade de imprensa, a organização da feira tomou a polêmica decisão de dar espaço ao jornal Nya Tider, porta-voz dos grupos suecos de extrema direita. O conflito entre os valores democráticos profundamente enraizados na sociedade sueca e este conceito ampliado de liberdade de expressão causou profundas divisões entre os expositores, escritores e outros profissionais do setor livreiro e cultural. Como resultado, eventos paralelos foram promovidos em Gotemburgo, o que esvaziou a tradicional feira.
Ao mesmo tempo, uma marcha pelas ruas organizada pelo movimento neonazista NMR (Movimento de Resistência Nórdica), autorizada e monitorada pelas autoridades policiais, tornou o ambiente ainda mais tenso no sábado, antepenúltimo dia da feira e tradicionalmente o ponto alto em termos de presença de público. O centro de eventos onde a feira se realiza chegou a ficar sitiado quando a polícia se viu forçada a dispersar a manifestação, vista por setores majoritários da sociedade sueca como uma provocação, entre outros motivos, pelo fato de ter sido convocada justamente no dia do Yom Kippur, data mais importante do judaísmo.
![Fernanda, Pasi e Luciano com David Lagercrantz, escritor da continuação da trilogia 'Millennium' | © Divulgação Fernanda, Pasi e Luciano com David Lagercrantz, escritor da continuação da trilogia 'Millennium' | © Divulgação](https://www.publishnews.com.br/estaticos/uploads/2017/10/3MEdmgtVjvILAvYN5KmaviFSEbUxmTKsU3X3GasDDBTzodJr60GEfmLBJOQi5s3pZlfsnZ9yjn2tM0sX.jpg)
Brasil marca presença mais uma vez
Dando continuidade à participação brasileira iniciada quando o Brasil foi o país homenageado da Bokmässan em 2014, mais uma vez uma seleção diversificada de autores brasileiros deixou a sua marca no evento.
O estande montado pela embaixada do Brasil em Estocolmo contou com a presença da jovem quadrinista e ilustradora paulista Mary Cagnin, do premiado autor indígena de Roraima Cristino Wapichana e do romancista e cronista carioca J.P. Cuenca. Além disso, nós tradutores também tivemos nosso espaço.
O agente literário Pasi Lohman, da Vikings of Brazil, também veio a convite do Kulturrådet/Swedish Arts Council e aproveitou a oportunidade para fechar negócios e parcerias importantes, incluindo com a Norstedts, um dos maiores grupos editoriais dos países nórdicos.