Feira de Gotemburgo marcada pela polêmica encerrou neste domingo
PublishNews, Fernanda Sarmatz Åkesson e Luciano Dutra, 03/10/2017
Tradutores Fernanda Sarmatz Åkesson e Luciano Dutra contam como foi a Feira do Livro de Gotemburgo 2017, dedicada ao tema da liberdade de expressão e marcada pelas controvérsias

Planejada para ser uma celebração à liberdade de expressão, a Bokmässan, maior evento do livro e da literatura dos países nórdicos e um dos mais importantes da Europa, terminou nesse domingo (1º) com menos visitantes do que o esperado.

Num teste aos limites do conceito de liberdade de imprensa, a organização da feira tomou a polêmica decisão de dar espaço ao jornal Nya Tider, porta-voz dos grupos suecos de extrema direita. O conflito entre os valores democráticos profundamente enraizados na sociedade sueca e este conceito ampliado de liberdade de expressão causou profundas divisões entre os expositores, escritores e outros profissionais do setor livreiro e cultural. Como resultado, eventos paralelos foram promovidos em Gotemburgo, o que esvaziou a tradicional feira.

Ao mesmo tempo, uma marcha pelas ruas organizada pelo movimento neonazista NMR (Movimento de Resistência Nórdica), autorizada e monitorada pelas autoridades policiais, tornou o ambiente ainda mais tenso no sábado, antepenúltimo dia da feira e tradicionalmente o ponto alto em termos de presença de público. O centro de eventos onde a feira se realiza chegou a ficar sitiado quando a polícia se viu forçada a dispersar a manifestação, vista por setores majoritários da sociedade sueca como uma provocação, entre outros motivos, pelo fato de ter sido convocada justamente no dia do Yom Kippur, data mais importante do judaísmo.

Fernanda, Pasi e Luciano com David Lagercrantz, escritor da continuação da trilogia 'Millennium' | © Divulgação
Fernanda, Pasi e Luciano com David Lagercrantz, escritor da continuação da trilogia 'Millennium' | © Divulgação

Brasil marca presença mais uma vez

Dando continuidade à participação brasileira iniciada quando o Brasil foi o país homenageado da Bokmässan em 2014, mais uma vez uma seleção diversificada de autores brasileiros deixou a sua marca no evento.

O estande montado pela embaixada do Brasil em Estocolmo contou com a presença da jovem quadrinista e ilustradora paulista Mary Cagnin, do premiado autor indígena de Roraima Cristino Wapichana e do romancista e cronista carioca J.P. Cuenca. Além disso, nós tradutores também tivemos nosso espaço.

O agente literário Pasi Lohman, da Vikings of Brazil, também veio a convite do Kulturrådet/Swedish Arts Council e aproveitou a oportunidade para fechar negócios e parcerias importantes, incluindo com a Norstedts, um dos maiores grupos editoriais dos países nórdicos.

[03/10/2017 08:29:00]