O museu dos mortos
PublishNews, Redação, 1º/11/2016
Estação Liberdade lança livro de suspense da autora japonesa Yoko Ogawa

Os museus têm como pressuposto guardar objetos de valor histórico ou científico para fins de exibição pública, de modo a registrar à posteridade a importância que eles tiveram para a humanidade num período determinado. Mas como seria no caso de um museu que tivesse como objetivo preservar lembranças de pessoas que morreram? Essa é a essência da trama proposta pela japonesa Yoko Ogawa em O museu do silêncio (Estação Liberdade, 304 pp, R$ 49 – Trad.: Rita Kohl). O sonho de dar cabo ao Museu do Silêncio é de uma velha que vive com a jovem filha e um casal de empregados. Um museólogo – narrador da história – é contratado por ela para tirar o projeto do papel. De personalidade hostil e sem o menor traquejo social, a velha tem lá suas idiossincrasias, sobretudo em relação ao tipo de conteúdo que planeja para o museu: as lembranças dos mortos precisam ser representativas do que eles foram em vida. Uma peça de roupa, uma fotografia sorridente – nada disso. Não se trata de preservar lembranças afetivas. Cada objeto do museu precisa ser a metáfora perfeita da existência do finado. E o museólogo – nenhum dos personagens do livro é nomeado – tem que se virar para recolher esse tipo de “relíquia” dos corpos moribundos.

[01/11/2016 09:55:05]