Mais do que um centro de decisões sobre o que chegará às livrarias no próximo ano, a Feira do Livro de Frankfurt, aberta oficialmente nesta terça-feira (18), tornou-se um palco político. Na cerimônia de abertura, com a presença dos reis Philippe, da Bélgica, e Guilherme Alexandre, dos Flandres, países homenageados desta edição, Heinrich Riethmüller, presidente da Associação Alemã de Editores e Livreiros, leu uma carta escrita pela romancista turca Asli Erdoğan, presa em agosto, depois da tentativa de golpe no país. “Eu clamo a vocês daqui, atrás de pedras, concreto e arame farpado. A consciência está sendo pisoteada no meu país. Eles estão tentando nos matar de verdade. Não sei dizer como, mas a literatura sempre conseguiu superar ditadores”, dizia a carta contrabandeada da prisão onde a escritora está em Istambul.
Mais cedo, durante a conferência de imprensa da Feira, Riethmüller já tinha feito declarações duras contra as diversas iniciativas que atentam contra a liberdade de expressão. Ele observou que em diversos lugares do mundo, as editoras não podem publicar o que querem e ressaltou que “em tempos de divisão, desavenças e confronto de opiniões, é importante que a indústria do livro desempenhe seu papel. Livros precisam apoiar a disseminação de conhecimento, histórias e experiências. Nunca os profissionais do livro foram tão importantes como nos dias de hoje”. “Liberdade de expressão é um direito humano e isso não é negociável”, completou.
#FreeWordsTurkey
Logo mais, às 18h (horário de Frankfurt, 14h, no horário de Brasília), acontece uma reunião de solidariedade à escritora, no Tulip Lounge do Hall 5.01. Além disso, mesmo quem não estiver em Frankfurt poderá prestar solidariedade à escritora e fazer pressão no governo turco usando a hashtag #FreeWordsTurkey e assinando a petição online encabeçada pela PEN International.