Um raio X da Holanda e dos Flandres, os homenageados de Frankfurt em 2016
PublishNews, Talita Facchini, 07/10/2016
Com o segundo índice de leitura da Europa, Holanda sai de um período de seis anos de contração do seu mercado editorial e volta a crescer

O The Markets, evento que antecede a Feira do Livro de Frankfurt (19 a 23/10) e analisa os mercados livreiros que mais se destacaram no último ano, virará seus holofotes para a Holanda e para os Flandres (região do norte da Bélgica onde se fala o holandês), que são os homenageados desta edição da feira. Prova disso é o fato da Holanda aparecer em segundo lugar no ranking de países leitores. Em 2015, 86% dos holandeses declararam ter lido pelo menos um livro no último ano. Em índice de leitura, o país só perde para a Suécia.

No ano passado, depois de um período de seis anos no qual o mercado contabilizou uma perda de 30% nas suas vendas, a região voltou a registrar um crescimento considerável, atingindo um valor de 498,5 milhões de euros no total de vendas. Wiet de Brujin, palestrante do The Markets e CEO da VBK Publishers, empresa líder em publicação nos países de língua holandesa, enfatizou que “com 3,5%, o mercado livreiro holandês registrou o mais forte crescimento da Europa”.

Wiet de Brujin, CEO da VBK Publishers, aponta crescimento de 3,5% do mercado holandês de livros | © Divulgação
Wiet de Brujin, CEO da VBK Publishers, aponta crescimento de 3,5% do mercado holandês de livros | © Divulgação

Uma das estratégias e característica particular da Holanda é o seu sistema de distribuição. Noventa e cinco porcento de todos os livros e e-books consumidos no País são distribuídos através da CB Logistics, quem mantém uma parceria com 500 editoras, 1800 livrarias e 74 livrarias online.

O digital também tem ganhado força nos últimos anos, mas ainda tem um marketshare modesto. Segundo dados que serão apresentados durante o seminário em Frankfurt aos quais o PublishNews teve acesso antecipadamente, o digital representa 3,8% do total de vendas de livros no mercado holandês.

Nos Flandres, o crescimento não é tão significativo assim. Desde 2011, o mercado teve que aguentar uma perda de 19 milhões de euros, e, no primeiro semestre deste ano, as vendas caíram 6,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desse total, os livros de não-ficção apresentam 43,5% do lucro, seguido pelos livros de ficção, com 26,5%, e os infantis, com 19%.

Por outro lado, a saída pode estar nos livros em quadrinhos, que apresentaram um aumento nas vendas de 14% em 2015, com relação ao ano anterior. Entre os 10 títulos que compõem a lista de mais vendidos, cinco deles são HQs. E não teria como ser diferente, nenhum pais se orgulha tanto de seus quadrinistas como a Bélgica, país do qual os Flandres fazem parte, que lançou clássicos como As aventuras de Tintin e Os Smurfs, por exemplo. Quanto aos e-books, no último ano, mais de 42 mil títulos foram publicados e distribuídos por 356 editoras, um aumento de 0,24% com relação ao ano anterior.

[07/10/2016 09:13:00]