Sabe quando você se depara com algo que de tão bom e interessante só sobra se perguntar “Por que não pensei nisso antes?” e, ato contínuo, dá-se um sonoro tapa na testa?

Eu costumo me estapear com uma relativa frequência...

Mas quando recebi na minha caixa de correios uma newsletter contendo um clipping das notícias do mercado editorial, da qual eu li cada virgula e aspas até o final, a sensação de ter visto alguém conquistando a menina mais bonita do baile foi imediata. E lógico, tome tapão na testa. Por que não pensei nisso antes?

Em 2001, depois de um ano da fundação da então incipiente Superpedido, tudo o que eu mais precisava era ter alguma comunicação relevante com os profissionais do mercado: livreiros, editores, distribuidores. Todo mundo e mais alguns. E estava ali na minha cara a prova acabada de que eu com tantos anos de mercado e me achando muito inovador para os padrões convencionais, na verdade deixei de ver o óbvio.

Mas nem tudo estava perdido, eu poderia tentar uma ação conjunta com aquela “empresa”. Preparei um e-mail para os contatos que apareciam na newsletter e, muito formal e profissionalmente, preparei um texto que elogiava a iniciativa (sem demonstrar minha frustração por não ter pensado nisso antes) e convidando os dirigentes da tal empresa comecei minha redação diligente:

“Prezados Senhores”, blá, blá, blá, blá e assim por diante. Em algum momento trocamos telefones e recebi alguns dias depois a visita dos “Prezados Senhores”, na verdade “Prezado”, porque tudo aquilo pelo qual eu tinha me encantado era criado, selecionado, editado, publicado e enviado por uma única pessoa (a minha vergonha só aumentando). Sim, estamos falando do Carlo Carrenho.

Não precisamos mais do que cinco minutos de conversa para nos tornarmos cúmplices. Humor ferino e rápido no gatilho, Carlo tinha na conversa a objetividade de quem sabe recortar linhas para ir direto ao ponto central da informação e uma verve divertida e iconoclasta. Achei um outro doido para insistir em transformar o nosso mercado, que às vezes é tão contraditório e às vezes tão óbvio.

Nestes 15 anos que o PN tem influenciado o dia a dia do nosso mercado, acredito que pouca -- muito pouca coisa -- aconteceu neste nosso mundinho que não tenha valido uma troca de mensagens entre este autoestapeador e o Carlo, com o mesmo espírito que marcou nossa primeira conversa naquele distante comecinho do século 21.

Sem o PN, não posso nem mesmo imaginar todas as transformações pelas quais passamos nestes anos!

Sim a mensagem precisa de um meio, mas sem dúvida o meio interferiu diretamente nas mensagens futuras do mercado.

A importância do PN me emociona como se fosse um tio vendo o sobrinho marcar gol de bicicleta na final do campeonato.

Através do PublishNews, precisei me estapear algumas vezes nestes 15 anos em que seus informativos diários me trouxeram tanta base para decisões futuras.

Acredito até que podemos avaliar nossa capacidade de aprendizado pela frequência com que nos estapeamos. Quando deixamos de reconhecer a qualidade das coisas que outros fazem e com as quais nos deparamos das duas, uma: ou não temos mais capacidade de entender as novidades ou continuamos indo aos mesmos lugares e fazendo as mesmas coisas antigas de sempre, achando que não há nada mais que se possa fazer para melhorar o que já está feito.

Caso me encontrem com a marca de dedos na testa, não estranhem. Possivelmente acabei de ler as últimas notícias via PublishNews. Quando foi o seu último tapa na testa?