
Acreditando nessa aposta, as Jornadas Profissionais, que antecedem a Feira do Livro de Buenos Aires, elegeram o livro digital como um dos destaques da sua programação, com diversas conferências e palestras sobre o assunto.
Para Daniel Benchimol, diretor do Proyecto451, startup especializada em livros digitais na Argentina, o digital tem enfrentado problemas de aceitação dentro da própria indústria do livro. “A grande dificuldade é que o digital propõe uma mudança na essência do livro. Já não são mais apenas texto e imagem, muda por completo”, disse ao público que lotou uma das salas do evento na manhã da última terça-feira (19).
Benchimol apontou que, na Argentina, a cada dez segundos, é vendido um smartphone e questionou à plateia: “o livro pode ficar alheio as mudanças digitais?”. “Estamos em uma fase que chamo de Convergência, na qual o velho modelo ainda convive com o novo. As discussões ainda são sobre qual é o melhor ou qual é o pior. Prevejo que o próximo passo será a Reimaginação do mercado, quando tudo mudará. Viveremos em um momento fabuloso de reinvenção do mercado”, previu.
Benchimol alertou sobre as frequentes notícias sobre a queda da participação dos e-books em países onde o mercado digital já está mais maduro, como EUA e Reino Unido. Ele defendeu que o que caiu foi a participação das grandes editoras nessa fatia do mercado.
Para embasar sua tese, apresentou estimativas sobre o faturamento da Amazon. De acordo com o especialista, em 2014, 53% do faturamento da gigante de Seatle vinha das “Big Five”. No ano seguinte, essa participação caiu para 49%. No mesmo período, a fatia dos autopublicados cresceu de 17%, em 2014, para 19%, em 2015.
O especialista observou que a grande maioria dos artigos publicados sobre o assunto não leva em consideração a autopublicação. “As pessoas leem cada vez mais livros e conteúdos digitais, mas cada vez menos a indústria tradicional os produz”, observou. A razão, aposta Benchimol, é que a indústria hoje “aplica as mesmas regras a um universo que, em sua essência é completamente diferente. O produto papel é completamente diferente do produto digital. Se tratarmos de forma igual, não vai dar certo”, concluiu.