
“Bibliodiversidade não é lançar muitos livros. Cada vez mais os grandes grupos editoriais querem confundir o conceito de diversidade com o de abundância. Na Europa sofremos de abundância. Bibliodiversidade não é lançar 500 livros de vampiros”, exemplificou o francês. O termo “bibliodiversidade”, cunhado pelo coletivo Editores Independentes do Chile no final da década de 1990 quer designar não só a abundância, mas também e sobretudo a diversidade de títulos. O tema foi abordado na mesa Os desafios da bibliodiversidade, na noite da última sexta-feira (04).
Além de Gilles, o chileno Paulo Slachevsky e o argentino Guido Indij discutiram o tema, sob mediação de Mariana Warth. Para Paulo, os editores independentes estão preocupados só com o equilíbrio financeiros de suas empresas, mas também com os conteúdos que publicam. Ele defendeu que as obras publicadas por editores independentes devem trazer uma outra visão e uma outra voz para além do discurso padronizado dos grandes grupos editoriais. “Temos que resistir à lógica da concentração”, decretou.
Digital
Gilles lembrou que na França, os editores independentes criaram um laboratório para estudar as possibilidades do livro digital. "Com o digital, os editores independentes têm uma chance de existir", disse. Os números na França, como no Brasil, são modestos, mas, de acordo com Gilles, um olhar mais aprofundado, é possível perceber nuances. "Os digitais são responsáveis por apenas 3% do faturamento das editoras no meu país. Mas, nos livros didáticos, essa participação é maior e acreditamos que nos próximos cinco ou seis anos, alcançará 50% do mercado", pontuou. Gilles refutou a ideia de que o livro digital poderia canibalizar o livro impresso e declarou: "aumentar o preço do livro digital para proteger o impresso é um grande erro".