Irã propõe boicote a Salman Rushdie em Frankurt
PublishNews, Leonardo Neto, 09/10/2015
Autor foi jurado de morte em 1989, ao publicar ‘Versos satânicos’, considerado uma ofensa ao profeta Maomé

Rushdie fará a conferência de abertura para a imprensa da Feira de Frankfurt | © David Shankbone
Rushdie fará a conferência de abertura para a imprensa da Feira de Frankfurt | © David Shankbone
Nesse ano, uma novidade chamou a atenção dos jornalistas que vão cobrir a Feira do Livro de Frankfurt. Aos que se credenciaram para a conferência de abertura para a imprensa, a organização do evento que começa na próxima semana pediu autorização para que a polícia alemã checasse os seus antecedentes criminais. A medida passou a fazer sentido quando a comitiva iraniana declarou boicote à participação de Salman Rushdie, no evento marcado para a manhã de terça-feira (13). Segundo o jornal britânico The Guardian, o ministro das relações exteriores do Irã disse que “sob o pretexto de liberdade de expressão, [a feira] convidou uma pessoa que é odiada pelo mundo islâmico e criou a oportunidade para que Salman Rushdie... fizesse um discurso”.

Ainda segundo o jornal, a república islâmica “protesta de forma veemente” contra a participação de Rushdie, decidiu não participar da feira e conclamou as nações mulçumanas a aderirem ao boicote. O ministro da Cultura do Irã, Abbas Salehi disse ao jornal: “a feira escolheu como tema ‘liberdade de expressão’, mas convidou alguém que insulta nossas crenças”.

Vencedor do Man Booker Prize, Rushdie, indiano naturalizado britânico, é dono da obra Versos satânicos (Companhia das Letras), no qual narra a história de dois atores indianos que se metamorfoseiam, um em diabo e outro em anjo, depois de caírem de um avião atacado por terroristas. Com esse livro, ele atiçou o ódio no mundo islâmico ao condenar o Islã por perseguição contra várias religiões cristãs e hindus. O livro é considerado uma ofensa ao profeta Maomé. Como consequência, em 1989, o Aiatolá Ruhollah Khomeini ordenou a sua morte.

Os organizadores da Feira lamentaram a decisão iraniana e comentaram: “a publicação de literatura que gere polêmica e as suas consequências não afetam apenas autores, mas toda a indústria. É por isso que a liberdade de expressão e fronteiras são temas-chaves na feira deste ano”.

Em 2003, Rushdie participou da Bienal do Rio. Não houve protestos por parte da comunidade mulçumana brasileira.

[09/10/2015 08:16:59]