Juntas Abril Educação e Saraiva têm 34,5% do orçamento do PNLD
PublishNews, Leonardo Neto, 19/06/2015
Em teleconferência, diretor da Abril Educação tranquiliza investidores afirmando que PNLD não está em risco

A notícia da venda dos “negócios de educação” da Saraiva à Abril Educação pegou muita gente de surpresa na última quinta-feira (18). Mas quais as consequências disso para o mercado editorial e livreiro no Brasil? A primeira delas é que é um passo claro rumo à concentração e consolidação do mercado. A transação, quando aprovada pelos órgãos reguladores e efetivada, vai criar um gigante no mercado de livros didáticos no País. Somadas, Ática, Scipione (editoras da Abril Educação) e Saraiva venderam no PNLD 2015 R$ 399 milhões, o que equivale a 34,5% do orçamento do programa. Em teleconferência com acionistas e agentes do mercado financeiro, Mario Ghio, diretor de conteúdo e inovação pedagógica da Abril Educação, disse não temer o fim do programa. “PNLD não está em risco. PNLD é um programa de governo, tem uma lei. O importante é que o programa está mantido e não vemos nenhum risco na manutenção do programa”, acalmou os investidores.

A intenção da compra também foi declarada nesta teleconferência. Eduardo Mufarrej, presidente da Abril Educação, declarou: "o que nos levou a avançar na transação foram pontos como o reforço da nossa presença em escolas, que é parte do objetivo da Abril Educação, e cada vez mais desenvolver relação próxima com donos de escolas, professores, alunos, famílias e gestores”. O executivo apontou ainda a forte presença do sistema de ensino da Saraiva – o Ético - no Nordeste, região nunca conquistada pela Abril Educação, que detém as marcas Anglo, Wise Up e Red Balloon. “A gente enxerga complementaridade entre as marcas da Abril Educação e da Saraiva Educação. Elas vão conviver de forma sinérgica”, afirmou Ghio.

Nos últimos anos, o grupo Saraiva vinha apostando na área de educação, com investimentos e parcerias com instituições de ensino. A expectativa do mercado era que a Saraiva se desfizesse da sua rede de varejo, que, embora tenha faturamento maior do que a editora, tem rentabilidade bem menor do que os outros negócios do grupo – no primeiro trimestre desse ano, por exemplo, a margem de lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) da editora foi de 38%, enquanto que a do varejo ficou em 2,2%.

A compra

O valor acordado para a compra é de R$ 725 milhões. Desse valor, R$ 250 milhões referem-se a uma dívida que a Saraiva tem junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em agosto do ano passado, a empresa contraiu o maior empréstimo da sua história, no valor total de R$ 628 milhões, com objetivo de permitir “a viabilização das iniciativas de expansão das atividades do grupo, assim como a geração de cerca de 700 empregos diretos, em vários estados do Brasil”. O restante do dinheiro virá de caixa próprio da Abril Educação.

As ações da Saraiva na Bovespa (SLED4), que fermentaram no início do pregão de ontem, fecharam a quinta-feira valendo R$ 6,25, crescimento de 29,13%. Já as da Abril Educação (ABRE3) mantiveram o aumento discreto e fecharam o dia valendo R$ 12,50, crescimento de 0,48% no seu valor.

[19/06/2015 00:00:00]