Uma das principais vitrines de Aécio Neves (PSDB/MG) à frente do governo mineiro foi a Cidade Administrativa. Um conjunto de prédios projetados por Oscar Niemeyer e construído longe do centro urbano da capital mineira. As obras ficaram prontas em 2010 e a mudança de todas as secretarias e órgãos governamentais demorou entre três e quatro anos para ser concluída. Essa transferência atingiu em cheio as livrarias instaladas na Savassi, região nobre localizada na zona centro-sul da capital mineira. É que antes, a administração pública estadual ficava concentrada nas quatro quadras que separam as praças da Liberdade e Diogo de Vasconcelos, popularmente chamada de Praça da Savassi. “Estima-se que de 20 a 30 mil pessoas que trabalhavam e consumiam na região se mudaram”, observa Marcus Teles, da Livraria Leitura. Além disso, uma requalificação urbana da Savassi, que durou cerca de dois anos, afugentou de vez os frequentadores das livrarias da região. O tiro de misericórdia veio com aumento dos alugueis. “O aluguel ficou muito caro e não temos como pagar”, disse à revista Encontro Rubens Batista, proprietário da Livraria Status, instalada há mais de 40 anos na região. O plano de Rubens é ir para uma loja menor. Em 2013, a região já tinha perdido a Livraria e Café da Travessa. Agora, rumores indicam que a Mineiriana, a maior livraria de BH, com mais 500 m², siga pelo mesmo caminho. A loja está queimando seu estoque com descontos que chegam a 70% e clientes foram avisados por funcionários que o ponto de venda vai baixar as portas nas próximas semanas, segundo informou o jornal Estado de Minas.
“Isso é reflexo do desequilíbrio que o mercado livreiro vive hoje”, atestou Ednilson Xavier, presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL). “A gente fica muito triste. Chega uma hora que estrangula mesmo e a gente não vê o apoio e a parceria dos editores que privilegiam as grandes redes”, lamenta Xavier. Quem faz coro com o presidente da ANL é Alencar Perdigão, da Livraria Quixote, também instalada na região da Savassi. “A nossa maior ameaça hoje é a editora que vende direto para o consumidor e não respeita a livraria como ponto de venda. Há editoras que dão em seus sites descontos maiores do que os oferecidos aos livreiros. Eles estão dando um tiro no pé”, critica.
Na contramão desse movimento, a Leitura tem crescido. A rede mineira fechou 2014 com 53 lojas e a previsão é terminar 2015 com 62, incluindo nesses números a segunda loja na capital paulista, que será instalada no Shopping Cidade São Paulo previsto para ser inaugurado em abril. “A nossa loja da Savassi não perdeu em vendas, mas crescemos abaixo da inflação”, disse Telles. A mesma realidade afeta a Quixote. “Não tive queda de público, mas o meu faturamento tem sido comido pela inflação”, disse Alencar, que adiantou ao PublishNews que está em negociação com a Mineiriana para passar a ocupar a loja. “Estamos em negociação para levar a Quixote para lá”, disse. Caso isso aconteça, Alencar sairá de 70m² para 550m².