Livros para ouvir
PublishNews, Leonardo Neto, 08/10/2014
Chegam ao mercado brasileiro duas plataformas de audiolivros para smartphones e tablets

Os audiolivros demoraram para se adequar aos novos tempos. No Brasil, a transposição do conteúdo de um livro para o formato em áudio era comercializada, até pouquíssimo tempo, somente em CDs. Demorou, mas os provedores desse tipo de conteúdo começam a aparecer. Já está no ar – e disponível para iOS e Android – o UBook. A plataforma cobra R$ 18,90 por mês (ou R$ 4,99 por semana para clientes Claro) e os usuários têm acesso ilimitado ao seu catálogo de mais de mil títulos, segundo os idealizadores do projeto Flávio Osso e Eduardo Albano, respectivamente CEO e diretor de parcerias. Cinco dias depois do lançamento, Osso e Albano garantem que amealharam mais de 20 mil usuários. Indo mais ou menos pelo mesmo caminho, a TocaLivros prepara o lançamento oficial de sua plataforma para novembro (uma versão beta entra no ar em meados de outubro). De diferente, a TocaLivros optou pela venda unitária dos audiolivros, ao contrário da UBook, que adotou o serviço de subscrição.

Em comum, a UBook e a TocaLivros têm a preocupação de criar um mercado de audiobooks no Brasil. “Não é que o mercado de audiolivros é fraco no País. Ele não existe ainda”, comenta Osso. “A nossa missão é difundir o audiolivro. Queremos, junto com as editoras, fomentar esse mercado no Brasil”, defende Marcelo Camps, que ao lado do irmão Ricardo Camps, fundou a TocaLivros. Os irmãos Camps acreditam que o formato em áudio se molda bem à cultura do brasileiro. “O brasileiro lê pouco, mas quer aprender sem perder tempo”, observa Ricardo. É na interseção dessas duas coisas (tempo x querer aprender) que os empreendedores apostam.

O mercado no Brasil é mesmo muito pequeno. “Não é que o audiolivro seja um mau negócio. O meio do audiolivro é que era equivocado. Não enxergamos que o mercado está falido. Para nós, o mercado ainda não aconteceu”, defende Eduardo Albano. E de repente, eles têm razão. Não há dados no Brasil, mas estima-se que o mercado recebe, a cada ano, algo entre 30 e 50 novos títulos em audiolivros. Nos EUA – onde nasceu a Audible, comprada pela Amazon -, a coisa é bem diferente. De acordo com a Audio Publishers Association, o mercado norte-americano tem mais de 18 mil títulos, cresce a taxas de 10% ao ano e movimenta mais de US$ 800 milhões ao ano.

Modelo de negócios

Se na ponta do consumidor a TocaLivros e a UBook diferem (uma vende o audiolivro em formato digital enquanto que a outra vende a subscrição), na ponta da editora as duas se assemelham em alguns pontos. As duas empresas fornecem um modelo de parceria, em que produzem o audiolivro, sem custas às editoras parceiras (os custos de produção podem chegar a R$ 20 mil). No caso da UBook, as editoras que colocarem audiolivros produzidos por elas recebem pelo simples fato de estarem no catálogo e também pela audiência (vezes em que o audiolivro foi acessado pelos usuários). Já a TocaLivros remunera as editoras garantindo parte do valor arrecadado por cada título, exatamente como funciona em livrarias de livros físicos.

Outra coisa em comum, as duas plataformas garantem a segurança dos arquivos, com sistemas anti-pirataria e um dashboard pelo qual as editoras podem acompanhar em tempo real o desempenho de cada um dos seus títulos.

Rede Sociais

A UBook promete para breve o lançamento de uma nova fase da plataforma que vai passar a funcionar como uma rede social. A ideia é que os usuários troquem informações sobre os títulos, criem grupos de discussões sobre livros e compartilhem trechos pela rede social. Mais para frente, a UBook quer se tornar em uma grande marketplace do audiolivro, reunindo em uma mesma página editores ou escritores que querem produzir um audiolivro e profissionais envolvidos na cadeia de produção do audiolivro. Mas, por enquanto, são planos para o futuro. Há que se esperar que o mercado passe a existir.

[08/10/2014 00:00:00]