FlipSide segundo Socorro Acioli
PublishNews, Socorro Acioli, 07/10/2014
Escritora foi uma das convidadas da festa literária inglesa que homenageia a cultura brasileira

Acabou domingo passado (5) a segunda edição da FlipSide, a irmã caçula inglesa da nossa Flip. Assim como a versão de Paraty, a festa britânica também foi ideia da editora Liz Calder, que já morou no Brasil e agora vive na região de Suffolk, onde o evento acontece.

As mesas, shows de abertura e atividades paralelas são concentradas em Snape Maltings, um bonito complexo no meio do campo, de tijolos vermelhos em parte construído por volta de 1800 e depois reformado para sediar o Aldeburgh Festival, evento de música criado pelo compositor Benjamim Britten.

A maioria dos autores ficou hospedada em outro vilarejo, a belíssima Aldeburgh, na beira do Mar do Norte e todo esse contexto de praia e campo ingleses contribuem para o charme e a identidade da FlipSide.

Apesar de estarmos em pleno outono inglês, o sol ajudou um bocado e a festa ficou lotada – em parte por brasileiros que moram na Inglaterra, mas na maioria por ingleses interessados pelos nossos livros, músicas, capoeira, brigadeiros e com um carinho especial pela caipirinha.

Quem não chegou muito cedo não conseguiu lugar, por exemplo, na mesa com Ana Maria Machado e Margareth Atwood, que lotou o auditório principal. A tenda das atividades para crianças estava permanentemente cheia, assim como a fila para autógrafos depois das sessões e o show da cantora Bebel Gilberto – com participação especial de Adriana Calcanhoto.

O tema da tradução do Português também foi presente na FlipSide. Os bons tradutores, com destaque para Daniel Hahn, que assinava a tradução de dois lançamentos no evento – são peças fundamentais para a promoção da literatura brasileira no exterior.

Certamente uma das mesas mais esperadas e comentadas foi a do domingo de manhã , sobre as eleições no Brasil. O jornalista Diogo Mainardi estava lá, com suas opiniões polêmicas, debatendo com Alexandre Vidal Porto, Alan Charlton e David Lehmann. Os brasileiros, em geral, não largavam os sites de notícias e repassavam os dados das apurações.

A FlipSide confirma que a presença da literatura brasileira no exterior vem ganhando força, aos poucos. Quem esteve no ano passado comentou que a segunda edição estava ainda melhor. Todo evento tem falhas e problemas, especialmente no começo, mas para mim, a FlipSide é eficiente no seu propósito de construir pontes e diálogos realmente profícuos, com excelentes mediadores e uma boa escolha de temas, graças à curadoria experiente de Àngel Gurria-Quintana

Na sua fala de encerramento, Liz Calder foi breve e direta: continuem vindo e continuaremos fazendo. Que a FlipSide prospere, sem perder o charme jamais.

[07/10/2014 00:00:00]