
Hoje, a tecnologia já permite cruzar dados de estoque e vendas, transformando informação em decisão. Uma editora pode saber, com apenas um dia de defasagem, o que foi vendido nas principais redes e até em livrarias independentes. Isso é um avanço, mas não pode parar aí.
Imagine se, além de saber o que vendeu ontem, a editora também checasse quanto ainda tem no estoque da distribuidora e da livraria. E a livraria soubesse o que ainda há no estoque da editora. Imagine agora cruzar isso com projeções de demanda, baseadas em histórico, campanhas, sazonalidade e já sugerir automaticamente o pedido de reposição. Sem a velha ligação: “Tem tal livro? Por que não mandou?”
Podemos ir além. Hoje, há editoras que trabalham com impressão sob demanda (POD), mas muitas livrarias ainda nem sabem como pedir esse livro. Às vezes, recebem a resposta de que o título está esgotado quando, na verdade, ele está disponível para impressão imediata. Faltou o quê? Informação. Faltou integração. Faltou inteligência.
Outro exemplo: quantas vezes seu time comercial precisa parar para gerar um mapa de consignação atualizado? Com integração de dados, isso deixa de ser uma tarefa manual. A livraria acessa o extrato atualizado, faz o acerto no momento certo e a engrenagem gira com menos atrito e mais resultado.
E só para deixar claro: quando falamos em integração, não estamos nos referindo apenas ao EDI (Troca Eletrônica de Documentos). O EDI foi um avanço importante e ainda cumpre um papel relevante na automação de processos básicos, como o envio de pedidos e atualizações de estoque. Mas, sozinho, ele já não é suficiente para as demandas atuais. Precisamos ir além da simples troca de dados.
O que o mercado precisa é de inteligência de reposição, cruzada com o perfil de cada loja. Até quando vamos continuar pagando frete para levar o livro errado ao lugar certo? E depois, mais frete para devolver?
É um custo evitável com o básico bem-feito: análise de giro, comportamento regional, clusterização de pontos de venda e decisão automatizada.
Nosso ecossistema já conecta livrarias e distribuidoras com EDI de pedidos e estoques. Só neste ano, mais de R$ 40 milhões em pedidos passaram por ele. Mas isso, no fim, ainda é transporte de dados. Um caminhão eficiente, sim, mas que muitas vezes ainda leva carga desorganizada.
O próximo passo é melhorar o que vai dentro desse caminhão: qualificar os dados, organizar a lógica e automatizar a inteligência por trás das decisões.
O mercado precisa evoluir para uma transparência genuína entre todos os elos da cadeia. Editor, distribuidor e livreiro não devem ser apenas fornecedores uns dos outros, mas parceiros estratégicos.
Quando o livro certo está na prateleira certa, no momento certo, quem ganha é todo mundo. Inclusive o leitor que, no fim das contas, é quem paga essa conta.
Já se passaram quase 10 anos desde meu primeiro artigo no PublishNews. De lá para cá, alguns “básicos” foram vencidos: os metadados, por exemplo, hoje estão bem resolvidos. Mas ainda temos muito a fazer.
Afinal, ainda nem conseguimos decidir se o título na lombada deve ser escrito de cima para baixo ou de baixo para cima.
E o RFID? A tecnologia já está madura, com etiquetas custando centavos, capaz de revolucionar o controle de estoque e a logística no nosso setor. Mas ninguém quis, até agora, bancar essa provocação. Enquanto outras indústrias fazem inventários em minutos com um simples leitor, nós seguimos contando livro por livro, manualmente, como se isso ainda fosse normal. Não é. E não precisa ser assim.
Esse é o meu “SONHO GRANDE” é possível transformar esse mercado.
Porque dá para fazer melhor. E a hora é agora.

Atualmente é Diretor de Negócios na Bookinfo, onde atua diariamente para elevar o nível de adoção de tecnologia no mercado editorial. Lidera iniciativas baseadas em inteligência artificial e dados que modernizam a gestão de catálogo, otimizam vendas e automatizam a reposição de estoque. Também presta consultoria estratégica para editoras, distribuidoras e livrarias, sempre com foco em resultados, eficiência e inovação.