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Os Bestsellers alemães
PublishNews, 29/07/2013
Os Bestsellers alemães

por Holger Heimann

O mercado editorial na Alemanha está sendo cada vez mais definido pelo sucesso dos best-sellers. Títulos que alcançam uma das três primeiras posições da lista semanal aumentam vertiginosamente as expectativas de vendas e são motivo de comemoração para as respectivas editoras. Para as editoras menores, mesmo uma posição lá no fim da lista de best-sellers de ficção ou não ficção é motivo de comemoração, mas, para as editoras já estabelecidas, o que vale são as primeiras posições.

As listas de best-sellers são publicadas semanalmente na revista Der Spiegel. O portal especializado Buchreport informa os faturamentos com livros de capa dura, resultado de uma enquete eletrônica feita em mais de 500 livrarias desde 1971. Também informa o sucesso de vendas dos livros de bolso, separado por ficção e não ficção. Geralmente só as posições dos livros de capa dura são vistas como sinônimo de sucesso de novas publicações. Listas de best-sellers concorrentes baseiam-se nos dados da Sociedade de Pesquisa de Consumo GfK medial control, levantados em 750 postos de vendas. Aparecem no jornal semanal Focus e na revista do setor Börsenblatt. As listas do Spiegel e do GfK media control podem diferir levemente umas das outras, devido à escolha diferenciada de livrarias para a transmissão dos dados.

Dominam a lista de best-seller de ficção a literatura de entretenimento e os chamados “livros para todas as idades”, que tomaram um impulso enorme depois do sucesso dos volumes do Harry Potter. É notável o crescimento, também percebido em anos anteriores, de publicações de livros advindas de editoras infantojuvenis, que têm como público-alvo o jovem leitor. Entre essas há várias traduções, principalmente do inglês. Diário de um banana, do americano Jeff Kinney, e seus volumes posteriores, já foi traduzido cinco vezes (pela Baumhaus Medien); o volume nº 7 ocupa o segundo lugar na categoria ficção entre os best-sellers do ano. Suzanne Collins, também dos EUA, conseguiu colocar três títulos na lista, com seu Jogos Vorazes. O dinamarquês Jussi Adler-Olsen, escritor de suspense (thriller), conseguiu que três de seus títulos entrassem na lista de best-sellers do ano: Redemption, Disgrace e The Alphabet House. Sua obra mais recente The Alphabet House ocupa o terceiro lugar, o que significa, segundo dados da sua editora dtv, que meio milhão de livros foram vendidos. A grande surpresa do ano passado veio de um autor sueco, até então desconhecido. Jonas Jonasson, conseguiu com seu O ancião que saiu pela janela e desapareceu agradar a todas as idades. A editora Carl´s Book, filial da Random House , vendeu em 2012 por volta de 1,3 milhões de exemplares deste romance picaresco. Quem parece ter um passe livre para um lugar na lista dos best-sellers é o brasileiro Paulo Coelho. Seus livros em alemão, publicados pela Zürcher Diogenes Verlag, têm uma legião de fãs tão grande, que fazem dele um dos escritores mais lidos dos últimos anos. Escritores alemães renomados de best-sellers conseguem ocupar somente as últimas posições nas listas: o livro policial Lobo mau (Ullstein) de Nele Neuhaus ocupa a posição nº 13, com 300.000 exemplares vendidos. Na posição 19 está O vale da raposa (Blanvalet pela Random House) da escritora Charlotte Link: o livro vendeu mais de 270.000 exemplares.

O lado negativo do sucesso, e cada vez mais criticado, é a concentração cada vez mais forte em marketing somente para os títulos mais vendidos, principalmente pelas grandes editoras. Como consequência, os chamados títulos da lista mediana recebem pouca atenção e desaparecem dos lugares de destaque. Nenhuma editora conseguiu contornar a situação e por isso seguem a demanda de mercado, concentrando sua maior energia em poucos livros. Os grandres grupos editoriais são por aqui a força motriz. O chefe da editora Hanser, Michael Krüger, critica “uma tendência para o brega, à qual todos procuram se adequar”.

Hans Peter Übleis, editor da Droemer Knaur, pertencente ao grupo Holtzbrinck, é especialista no campo do entretenimento. Ele vê isso de outra forma: “Best-sellers são o sal da sopa, faróis de um setor, com o qual as editoras e comércio atraem os ratos. As opiniões divergem. Afinal, temos que nos dar por felizes, por conseguir chamar a atenção, apesar da concorrência dia e noite da mídia”.

Qual o ponto de vista a ser defendido é escolha de cada um. Ainda bem que há livros, cujo sucesso não resulta de nenhum plano ou previsão. São títulos que são passados de um leitor para outro, pela propaganda boca-a-boca. São casos de sorte, que fazem propaganda para a leitura e a literatura. O livro mais marcante neste sentido é do escritor berlinense Wolfgang Herrndorf. Seu romance Tschick, um Road Movie grandioso, chega por estes dias à marca de um milhão de exemplares vendidos (edição de bolso e capa dura). O romance ganhou vários prêmios, foi publicado em 26 países e encenado em quase 50 salas de teatro. Pouco depois de publicado pela editora Rowohlt Berlin Verlag, no segundo semestre de 2010, o livro conseguiu estar na lista dos best-sellers de capa dura. Ainda hoje está na lista das edições de bolso.

O destaque entre livros de bolso mais vendidos do ano passado foi para E.J. James. A provável escritora mais bem-sucedida mundialmente no ano passado começou como autora independente. Não importa se no Brasil, Alemanha ou EUA, em toda parte os livros desta escritora ocupam lugares nas listas de best-sellers. A editora Goldmann Verlag vendeu no mercado alemão até o presente seis milhões de exemplares da sua trilogia erótica 50 tons de cinza.

No ano passado, os números de venda dos livros de não ficção ficaram bem atrás dos de ficção. O best-seller do ano A arte de pensar claramente (editora Hanser) de Rolf Dobelli teve 400.000 compradores. O segundo lugar foi para Amigos improváveis de Philippe Pozzo di Borgo (publicado pela recém-fundada Hanser Berlin Verlag) com 300.000 exemplares vendidos. O livro serviu de base para o filme francês de mesmo nome, que atraiu multidões para o cinema [*]. Quem domina as listas dos best-sellers de não ficção são os escritores alemães, ao contrário do que ocorre com os livros de ficção. O livro que há anos está entre os três primeiros lugares da lista de best-sellers, um Longseller quase sem concorrente, é o dicionário alemão de ortografia: o Duden.

Holger Heimann trabalhou muitos anos como redator do Börsenblatt, a revista mais importante do setor editorial alemão. Hoje é jornalista independente em Berlim e trabalha, entre outros, para a Welt, a Rádio Alemanha e ainda para a Börsenblatt.

[*] no Brasil o filme recebeu o título de Os Intocáveis e o livro traduzido o nome de O segundo suspiro

O negócio do livro na Alemanha vai bem – e é muito produtivo: cerca de 80 mil novos títulos são publicados todo ano, e as vendas geram um faturamento anual de 9,52 bilhões de euros. Mas quem são os atores no cenário do livro e do mercado editorial na Alemanha? Quais regras específicas se aplicam ao mercado alemão – do preço do livro ao Börsenverein? Em virtude da participação da Alemanha em 2013 como país convidado de honra na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, e do Brasil como país convidado de honra na Feira do Livro de Frankfurt no mesmo ano, a Feira de Frankfurt preparou uma série de artigos sobre o mercado editorial na Alemanha.

** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

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