Uma oportunidade de marketing perdida?
PublishNews, 26/06/2013
Uma oportunidade de marketing perdida?

A semana da BookExpo America foi bem agitada para nós. Fizemos nossa conferência Publishers Launch em 29 de maio e muitas reuniões. Queria agora apresentar duas ideias que abordamos na conferência e que eu acho que vale a pena discutir.

Ron Martinez, da Aerbooks, lembrou durante a conferência que ainda não há muitas provas de que os e-books, exceto os de narrativa, venderão. Nosso painel de editores de livros ilustrados contou que eles não apostam muito nas edições digitais, preferem encontrar formas mais eficientes de vender livros impressos. É interessante ver que as empresas que possuem trabalho vertical, ou seja, que trabalham com estabelecimentos que não são livrarias e que poderiam vender seus livros, veem a situação de forma diferente em relação às editoras de listas gerais. Das quatro editoras participando, Quarto e Rodale possuem um claro trabalho vertical, Abrams ainda trabalha principalmente com livros de arte e Dorling Kindersley é talvez a mais geral e de referência do grupo.

Apesar de ser importante para toda editora ser mais vertical ou centrada na audiência, será cada vez mais necessário para aquelas cujas vendas não passarem para o digital. As pressões sobre as editoras que estão distribuindo mais da metade de sua produção no formato e-books será diferente, mas elas não incluirão a necessidade urgente de ficar sempre encontrando novas saídas para divulgar e vender sua produção.

E mesmo com as ferramentas ficando mais fáceis e acessíveis, fazer e-books de conteúdo ilustrado vai exigir muito mais atenção individualizada dos criadores. Decisões terão que ser tomadas sobre para quais aparelhos e plataformas o e-book será otimizado. Editores de romances não têm estas complicações.

Assim, publicar narrativa e publicar qualquer outro tipo de livro parece ser, cada vez mais, dois negócios separados.

Além disso, vejo também duas questões que definem uma oportunidade que as editoras podem não estar conscientes: e-books tornam a comercialização do catálogo muito mais produtiva.

O primeiro ponto foi apresentado na Pub Launch. Dan Lubart de Iobyte Solutions e HarperCollins mostrou que títulos com um ano ou mais de idade chegam à lista dos e-books mais vendidos com mais frequência do que títulos na primeira ou segunda semana de vida.

O segundo dado vem de um trabalho de consultoria no qual estamos trabalhando. Entrevistamos alguns editores sobre seus esforços de marketing digital. E descobrimos, a partir de uma pequena amostra, que suas práticas de orçamentos não dão espaço para o marketing do catálogo hoje como faziam antes da revolução do e-book começar.

Então, o que está fazendo com que as vendas aconteçam, como Lubart documentou, não é fruto do marketing, mas das circunstâncias e da disponibilidade. No mundo impresso, circunstâncias não têm o mesmo impacto porque em geral não há disponibilidade.

Com e-books, quando eles são carregados no sistema de uma livraria, estão sempre disponíveis.

Parece evidente que todas as editoras, especialmente as maiores, deveriam estar desenvolvendo técnicas para encontrar as oportunidades e capitalizar em cima disso.

Esta foi uma das visões centrais que assumiu a editora Open Road há pouco tempo. Como muito de sua lista de publicação é formada de catálogo e pouco de novos títulos, foi meio que natural para eles pensar diferente sobre alocação de marketing e dólares. Eles trabalham com o dia do calendário, não o dia da publicação.

Suspeito que veremos cargos como de “gerente de marketing digital de catálogo” por todas as partes em pouco tempo. Descobrimos que até em algumas editoras que organizam o marketing de forma vertical, o catálogo recebe pouca atenção.

[25/06/2013 21:00:00]