A Barnes & Noble, maior competidora da Amazon no varejo de livros online nos Estados Unidos, começou 2013 com o pé esquerdo.
Em janeiro de 2012 o então CEO da Barnes & Noble William Lynch foi questionado pelo jornal New York Times sobre o futuro da rede e o fechamento de suas lojas. “Nossas lojas não vão a lugar algum”, declarou o CEO. A matéria colocou todo o destino da indústria americana do varejo de livros nas mãos da Barnes & Noble, mas Lynch foi enfaticamente otimista ao afirmar que os livros digitais não tornariam as livrarias obsoletas. Exatamente um ano depois, a declaração de Lynch não deixa de ser verdade, mas agora no sentido negativo. O diário Wall Street Journal publicou mês passado uma entrevista com o CEO Mitchell Klipper e anunciou que a rede poderia fechar grande parte de suas lojas nos próximos dez anos, mais especificamente de 450 a 500 dos seus 689 estabelecimentos.
Até aí tudo bem. O próprio Lynch já havia declarado que o foco da rede era outro, que a Barnes & Noble era agora uma empresa de tecnologia. Todas as apostas estavam no tablet da marca, o Nook. O aparelho recebeu investimento maciço, foi criada até uma divisão, o Nook Media, que recebeu capital de US$ 600 milhões da Microsoft e teve 5% da suas ações adquiridas pela Pearson no ano passado.
O Nook parece ser um bom aparelho. Recebeu boas resenhas de sites respeitados e o conteúdo é bem completo. Até Paulo Coelho mostrou sua preferência pelo device. Mas parece agora que a iniciativa não vingou. “Até para uma empresa que vem recebendo várias notícias ruins ultimamente, o último boletim mensal da Barnes & Noble tem um ar ameaçador”. Assim abre a matéria do New York Times publicada semana passada. O boletim prevê que a receita da divisão Nook Media para 2013 será menor que a projetada de US$ 3 bilhões. “Foi um fracasso de marca, não de produto”, afirma um analista consultado pelo diário.
Vale lembrar que a Barnes & Noble é uma das únicas grandes empresas do setor que não pisou no Brasil, nem em nenhum país emergente, ao contrário dos seus competidores no mercado de e-books: Amazon, Kobo, Apple e Google. Apesar de não ter descartado a possibilidade de expansão internacional da rede em outubro de 2012, no CEO Talk na Feira de Frankfurt, o presidente da B&N Jamie Iannone realmente deu a entender que todos os ovos da empresa estão na mesma cesta, o Nook. Só que parece agora que não são de uma galinha de ouro, como o Kindle da Amazon.