De olho na pesquisa sobre e-books
PublishNews, 08/05/2012
De olho na pesquisa sobre e-books

A pesquisa produzida pela Pew Internet & American Life Project sobre leitura de e-books tem algumas informações muito importantes que precisamos analisar.

1. Estamos próximos de ter a metade dos norte-americanos com mais de 16 anos (o número da pesquisa foi 43%) lendo um e-book, ou outro conteúdo longo em formato digital, no último ano. Como outros dados na pesquisa sugerem, esse número ainda está crescendo rapidamente.

O número é um indicador do público leitor que pode ser alcançado pelo e-book. Segundo outros dados da pesquisa informam, 78% das pessoas com 16 anos ou mais leram um livro em qualquer formato nos últimos 12 meses, o que parece indicar que metade dos leitores de livros podem ser alcançados, neste momento, por um e-book.

2. A Pew registrou um crescimento de vendas incrível no Natal. Pouco antes do feriado, 17% dos norte-americanos com mais de 18 anos (às vezes eles parecem medir “adulto” a partir dos 16, às vezes a partir dos 18) leram um e-book nos 12 meses anteriores. Mas, logo depois do feriado, esse número subiu para 21%. Lembrando que 22% da população não leu nenhum livro nos últimos 12 meses, isso significa que cerca de 27% dos leitores de livros afirmam ter lido um e-book recentemente. E esse número pulou para quase 25% em um mês!

3. Um dos dados mais notáveis informados é que o número de donos de tablets e de e-readers duplicou na época do Natal, passando de 10% no meio de dezembro para 19% no meio de janeiro, nos dois casos. Calculando a sobreposição de respostas, a Pew estima que 28% dos norte-americanos com mais de 18 anos possui um ou os dois.

A compra de aparelhos ainda está crescendo rapidamente, embora seja provável que o número de pessoas que possuem os dois aparelhos tenha crescido mais neste Natal do que antes.

Quando as pessoas compram um segundo aparelho, seja um substituto ou um complemento, a probabilidade de comprar tantos e-books quanto ao ter comprado o seu primeiro aparelho é muito pequena. O resumo dos dados a que tive acesso não relacionava o aumento na compra de cada um dos dois aparelhos com o aumento na compra dos dois aparelhos, o que limita a nossa capacidade de prever quanto aumento de conteúdo devemos ver com a popularização dos aparelhos.

4. Os donos de e-readers leram uma média de 24 livros no ano anterior, mas os que não o possuem, inclusive os que possuem tablets, leram uma média de apenas 16 livros. O relatório diz que donos de tablets leram o mesmo número de livros que os que não possuem aparelho nenhum.

Esse dado parece confirmar as percepções de que os aparelhos multitarefa, como o s tablets, oferecem muitas alternativas à leitura do e-book e, portanto, não são tão “confiáveis” como catalisadores para o aumento da leitura quanto os e-readers dedicados.

5. A pesquisa descobriu que 41% das pessoas que possuem um tablet ou e-reader há mais de um ano dizem que estão lendo mais livros do que antes, mas somente 35% dos que possuem os dois aparelhos por seis meses ou menos fazem a mesma declaração.

Isso poderia significar que as pessoas aumentam um pouco o nível de leitura quando compram o aparelho. Mas outra possível explicação (que eu acho pode ser mais significativa) é que a diferença não tem a ver com a quantidade de tempo que as pessoas possuem um aparelho, mas reflete o fato de que os leitores mais ávidos adotam os formatos digitais primeiro. Os convertidos mais recentes não são leitores tão pesados e, portanto, é menos provável que aumentem o nível de leitura por ter um aparelho.

6. Na pesquisa de dezembro de 2011, 72% dos adultos norte-americanos tinham lido um livro impresso no ano anterior, 17% tinham lido um e-book e 11% haviam ouvido um audiobook.

Assim, os e-books passaram o audiobook na penetração entre consumidores em 2011. Os audiobooks começaram a ganhar popularidade no meio dos anos 80, há quase 30 anos. Os e-books estão ganhando impulso desde o final de 2007, ou seja, há menos de cinco anos.

7. Num período de 18 meses (junho de 2010 até dezembro de 2011), o número de pessoas lendo um e-book num dia normal passou de 4% para 15%.

São dados importantes e realmente ilustram o crescimento explosivo de e-books. O número de pessoas lendo um e-book no seu dia-a-dia duplicou duas vezes em 18 meses. Mais duas duplicações assim colocariam o número de leitores em 60% e, como a maioria dos leitores ávidos passa ao digital primeiro, isso poderia constituir quase 80% do consumo. A taxa de crescimento vai diminuir, sem dúvida; não vai voltar a dobrar duas vezes nos próximos 18 meses. Mas vai diminuir para quanto? Que tal pensar em duas duplicações nos próximos três anos? Cinco anos? Independente de quando for, essa é a distância entre nós e um mundo majoritariamente dominado por e-books.

8. Uma estatística incrível: mais donos de aparelhos estão lendo um livro impresso no seu dia-a-dia, e não um livro eletrônico. Só 49% dos donos de Kindle e Nook estão lendo um e-book no seu cotidiano, enquanto 59% estão lendo um livro impresso. Menos surpreendente é que 39% dos donos de tablets estão lendo um e-book e 64% estão lendo um livro impresso.

De todos os dados neste relatório, esta parte daria o maior conforto àqueles que acreditam que o livro impresso tem um longo e próspero futuro à frente. Seria bem mais útil se entendêssemos melhor quais livros impressos essas pessoas estão lendo. Se o dono do aparelho está lendo romances nos dois formatos, isso é bastante diferente do que se estão lendo romances em seus aparelhos, mas livros de receitas no impresso. E deveríamos nos lembrar de um fato que Peter Hildick-Smith, da Codex, comentou: donos de e-readers ou tablets tendem a continuar migrando dos impressos para os e-books com o passar do tempo.

9. Uma pergunta recebeu as mais incríveis respostas, considerando em que ponto estamos em termos de popularização de aparelhos. O e-reader mais comum é o velho e bom computador, no qual 42% das pessoas leem e-books, em comparação com os 41% que leem em Kindles e Nooks. É surpreendente. Talvez ainda mais surpreendente seja que mais pessoas (29%) leiam e-books num celular do que num tablet (23%).

Como um leitor de e-books no iPhone, vou parar de me sentir um estranho. Mas há ainda mais significado no fato de que tanta leitura ainda seja feita num PC.

Isso significa duas coisas importantes para mim. Uma é que muitas pessoas estão lendo no escritório, em seus computadores, enquanto os chefes e colegas acham que estão trabalhando. E a outra é que toda a esperança das editoras de livros ilustrados de que os tablets vão levar a um aumento de vendas de seus e-books, de que as vendas até o momento foram impedidas pelas limitações dos e-readers, pode estar se mostrando um erro. Se quase metade da audiência de e-books já lê em PCs com capacidade máxima, eles seriam capazes de consumir e-books com cor, ilustrações, vídeo e áudio sem precisar de um tablet. Mas não consomem. A pergunta é: comprarão algum dia?

10. Os e-books quase alcançaram os impressos, 45% a 43%, como os favoritos para leitura na cama. Aparentemente, eles não testaram se tablets ou celulares, que possuem luz interna e permitem ler com as luzes apagadas, são preferidos nessa situação.

[07/05/2012 21:00:00]