Viva a preguiça!
PublishNews, Redação, 10/08/2011
Ciclo de conferências sobre este pecado capital começa no próximo dia 11 e vai até 27 de outubro

O preguiçoso é indolente, improdutivo, nostálgico, melancólico, indiferente, distraído, incompetente, ineficaz, lento, sonolento e silencioso. Além de ser crime conta a sociedade do trabalho, a preguiça também é pecado capital. Pela lógica do mundo do trabalho e da Igreja, o preguiçoso deve se sentir culpado e pagar pelo que não faz. Entre os dias 11 de agosto e 27 de outubro, essa questão será debatida no ciclo de conferências “Elogio à preguiça”, que passará por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Entre os conferencistas convidados estão Adauto Novaes, que é o curador do projeto, Francisco Bosco, Maria Rita Kehl, Antonio Cicero, Marilena Chaui, Arhtur Nestrovski e outros.

Programação:

Rio de Janeiro

Academia Brasileira de Letras – Teatro Raimundo Magalhães Júnior (Av. Presidente Wilson, 203 – Castelo – Rio de Janeiro/RJ)

Inscrições pelo telefone (21) 3974-2595, das 12h às 17h

As conferências serão transmitidas ao vivo pela internet

Horário: 19h

15 de agosto - Francis Wolff

A apologia grega da preguiça

A apologia à preguiça no pensamento antigo permite pôr fim a um falso conceito, o do trabalho. A questão será examinada a partir da afirmação de que o trabalho não é um valor, o que afasta a ideia da preguiça como um vício. Dessa maneira, a condenação moral que hoje paira sobre a preguiça não subsiste no pensamento grego, que a vê como repouso, ócio, disponibilidade, independência, liberdade.

Depois da conferência do prof. Francis Wolff serão lançados os livros Mutações – A invenção das crenças (Edições Sesc-SP) e Uma cerveja no dilúvio (7 Letras), de Afonso Henriques Neto.

16 de agosto - Francisco de Oliveira

Que preguiça

De um ponto de vista marxista pode-se dizer que a venda da força de trabalho ao capital é o que de fato escraviza o homem. Assim, há que se elogiar o preguiçoso, na medida em que ele nada quer com quem pode e deseja comprar sua força de trabalho. O preguiçoso não será aquele que não trabalha, mas quem não trabalha para o capital. Desse modo, o mais autêntico preguiçoso será o criador, o artista, o cientista, aqueles que operam nas margens do capital, contribuindo para desgastá-lo.

17 de agosto - Marilena Chaui

Sobre o direito à preguiça

Ao ócio feliz do Paraíso segue-se o sofrimento do trabalho como pena imposta pela justiça divina a toda a humanidade. O laço que ata preguiça e pecado é um nó invisível que prende imagens sociais de escárnio, condenação e medo. Na conferência serão repassados os caminhos históricos que de um lado transformaram a preguiça em dos sete pecados capitais, e de outro desenvolveram a necessidade de uma extrema valorização do trabalho.

22 de agosto - José Raimundo Maia Neto

Sócrates, Montaigne e Machado

A ociosidade, no sentido do distanciamento do pragmatismo da vida cotidiana (vida ativa), é frequentemente vista como condição para o exercício pleno do pensamento (vida contemplativa). Em tempos e registros discursivos diferentes, Sócrates, Montaigne e Machado de Assis iluminam aspectos centrais desta temática.

23 de agosto - Oswaldo Giacoia Junior

Dizer sim ao ócio ou “Viva a preguiça!”

É preciso refletir sobre a conexão atual entre os temas nietzschianos da escravidão mental, da barbárie civilizada e da ética como estilo de existência e forma de vida, em contraposição ao imperativo categórico do trabalho e rendimento, mediante o confisco do tempo vivido, assim como à autodemissão da responsabilidade e da crítica e à transformação mercantil do ócio em consumo pela indústria do lazer e entretenimento.

24 de agosto - Sergio Paulo Rouanet

Preguiça e ócio na ética iluminista

As categorias de vida ativa e ociosidade têm longa trajetória na modernidade. A primeira abrange as esferas da política e a do trabalho, cujas figuras típicas são o cidadão e o operário. Já a ociosidade abrange as esferas dos que não participam da vida pública, dos que não têm ou perderam sua ocupação e a dos ociosos propriamente ditos. Essas categorias serão vistas dentro do contexto histórico da Ilustração.

29 de agosto - Jean-Pierre Dupuy

O tempo que nos resta

A questão proposta por Alexis de Tocqueville em relação ao espírito cada vez mais inquieto do cidadão norte-americano em meio ao mais amplo bem-estar material é o ponto de partida da conferência. Assim, devemos pensar o paradoxo do tempo que “se acelera” angustiosamente na modernidade e a previsão do crescimento da produtividade do trabalho que prometia uma sociedade de tempo livre, com livre espaço para o lazer ou mesmo para a preguiça.

30 de agosto - José Miguel Wisnik

Ócio, labor e obra

Alguns aspectos do romance Macunaíma, de Mário de Andrade, serão analisados para chegar aos textos filosóficos finais de Oswald de Andrade, em que encontramos o horizonte afirmativo de uma conciliação da técnica com o ócio. O contraponto entre os dois autores modernistas brasileiros terá como pano de fundo as reflexões de Hannah Arendt sobre o labor e o trabalho.

31 de agosto - Antonio Cicero

Poesia e preguiça

A partir da palavra de poetas do porte de T. S. Eliot e Baudelaire, e do teórico musical Auguste Barbereau, a conferência discorrerá sobre a constituição de um pensamento poético como oposição ao juízo prático ou cognitivo, uma vez que não é possível fazer um poema – nem é possível fruí-lo – apenas com o intelecto. A esse pensamento poético corresponderá certo estado de preguiça fecunda, uma vez que a poesia irá sempre se comprazer em esbanjar o tempo do poeta e do leitor do poema.

5 de setembro - Frédéric Gros

A política de controle do tempo

O exame das principais dimensões do capitalismo vai indicar a construção de um tempo especializado, produtivo, rentável e acelerado. Ao contrário, a ociosidade será um elogio à ineficácia, à inutilidade, à gratuidade e ao presente imediato. Ou seja, a preguiça estaria condenada a não produzir qualquer “riqueza”, no sentido de um lucro contábil. Se aceitarmos, contudo, distinguir “criação” de “produção”, a preguiça bem poderia ser a condição da possibilidade de um tempo verdadeiramente criador.

6 de setembro - Eugène Enriquez

O ócio e a construção de si

Durante toda a Antiguidade, Idade Média e início dos tempos modernos, trabalhar era incompatível com a condição de homem livre. A Revolução Industrial, a revolução da Independência americana e a Revolução Francesa subverteram essa tradição. A partir desse momento, o ócio, o lazer, a preguiça tornam-se marcas de infâmia. A conferência tratará do assunto, levando em conta a necessidade humana de tempo para se pensar e agir corretamente.

12 de setembro - Renato Lessa

Da preguiça como metafísica

A partir do truque conceitual proposto por Santo Anselmo no século XI para definir Deus na forma de “uma perfeição além da qual nenhuma perfeição é possível”, será considerada na palestra a imagem de “uma preguiça para além da qual nenhuma forma de preguiça pode ser pensada”. Poder-se-ia, assim, falar de uma “metafísica da preguiça”, o que ultrapassa a consideração da preguiça em termos de “valor”.

13 de setembro - Franklin Leopoldo e Silva

Rousseau e os devaneios do caminhante solitário

A conferência começa pelas visões antigas e modernas do trabalho, antes de se apresentar a reflexão sobre as Revêries – Os devaneios de um caminhante solitário, de Rousseau. Nessa obra, as categorias cartesianas são subvertidas: em vez da unidade, a pluralidade; em vez do ponto de partida, os pontos de passagem; em vez da ordem metódica, a divagação; em vez da objetividade, a mais absoluta imanência do sujeito a si mesmo.

14 de setembro - Vladimir Safatle

O esgotamento da ética do trabalho

Na conferência serão examinados sinais de esgotamento de certos processos no campo do que se convencionou chamar de “ética do trabalho” nas últimas décadas do séc. XX, com seus desdobramentos psíquicos. Serão revistos os clássicos trabalhos de Max Weber e os impactos sofridos pelo capitalismo após as revoltas de maio de 1968, sendo assim analisadas certas mutações ocorridas, como o novo entendimento da noção de “trabalho alienado”.

19 de setembro - João Carlos Salles

Sobre a virtude da lentidão

Ao operar extensa crítica ao desmedido otimismo de nosso tempo em relação ao progresso e à ciência, Wittgenstein irá falar do trabalho filosófico em termos de negatividade, conservadorismo, pessimismo. Na palestra será, assim, investigado em que medida o pensamento de Wittgenstein, ao confrontar-se com a civilização ocidental, opera um essencial e necessário exercício de crítica filosófica, para a qual não é absurdo pensar a ideia de progresso como uma grande armadilha.

20 de setembro - Francisco Bosco

Sobre a virtude da lentidão

A conferência terá como pano de fundo a utilização da nomenclatura de Roland Barthes em torno das diferenças entre “textos literários de prazer” e “textos literários de gozo”. Os primeiros – também ditos “clássicos”, ou “legíveis” – proporcionam uma leitura fluente, veloz, desimpedida. Por sua vez, os “textos de gozo” – chamados de “modernos” ou de “vanguarda” -, exigem leitura “aplicada”, em que a lentidão se torna obrigatória.

21 de setembro - Jorge Coli

Sexo, preguiça, bonheur

A conferência tratará de algumas relações entre preguiça e sexo, algo sobre o paraíso que há no ventre feminino (recordando os quadros que exaltam o sexo e o ventre femininos, como a conhecida tela A origem do mundo, de Courbet, que reproduz uma vagina). Em sequência, também será analisada a novela de Maurice Pons, Rosa ou Le bonheur des hommes.

26 de setembro - Olgária Matos

Educação para a preguiça

É preciso entender o campo conceitual em que se inscreve a preguiça na contemporaneidade. A preguiça atualiza a questão clássica dos “cuidados de si” e da necessidade de uma “educação para a preguiça”. Da preguiça como prostração, que sofre o vazio do tempo, à preguiça como tranquilidade da alma, buscar-se-á a ideia do preguiçoso como o artesão do vazio.

27 de setembro - Maria Rita Kehl

Boêmia e malandragem: a preguiça na cadência do samba

No texto “Dialética da malandragem”, Antonio Candido sugere que a preguiça (no sentido da ‘malandragem’) é uma forma de resistência à exploração do trabalho. Contudo, o tema da preguiça não será tratado na palestra a partir da literatura, mas sim do samba, ritmo que se tornou expressão da vida dos negros, dos favelados, dos vagabundos e desempregados da cidade do Rio de Janeiro.

28 de setembro - Guilherme Wisnik

Experiência de improdutividade

A partir da década de 1960, na esteira das proposições experimentais da contracultura e da revisão dos pressupostos modernos, coletivos híbridos de arquitetos, artistas e pensadores da cultura formularam propostas transgressivas que, de modo radical, se colocavam em forte oposição ao pragmatismo produtivo e alienado da sociedade. Nesse contexto serão analisados trabalhos de artistas como Hélio Oiticica e Gordon Matta-Clark, e mais recentemente, Hector Zamora.

3 de outubro - Luiz Alberto Oliveira

Sobre inércia e estabilidade

A partir da década de 1960, na esteira das proposições experimentais da contracultura e da revisão dos pressupostos modernos, coletivos híbridos de arquitetos, artistas e pensadores da cultura formularam propostas transgressivas que, de modo radical, se colocavam em forte oposição ao pragmatismo produtivo e alienado da sociedade. Nesse contexto serão analisados trabalhos de artistas como Hélio Oiticica e Gordon Matta-Clark, e mais recentemente, Hector Zamora.

4 de outubro - Marcelo Jasmin

A moderna experiência do progresso

Quais são as transformações ocorridas no mundo ocidental a partir da constituição da disciplina capitalista do trabalho, com a consequente mudança do conceito de “progresso”? Essas transformações envolveram um sem número de aspectos da vida cotidiana das pessoas, tanto dos camponeses quanto dos habitantes do espaço urbano que viram as suas cidades crescer, em ritmo acelerado, com a
implantação de manufaturas e indústrias.

5 de outubro - Arthur Nestrovski e José Miguel Wisnik

Utopia de Itapuã

Nem exatamente show, nem propriamente aula, mas uma mistura original das duas coisas: reunindo os talentos musicais, literários e acadêmicos do compositor, cantor e pianista (e professor da USP) Zé Miguel Wisnik – reconhecido como um dos nomes de ponta da música brasileira – e do compositor, violonista, crítico e escritor (e diretor artístico da Osesp) Arthur Nestrovski, o espetáculo traz uma seleção de canções, de Wisnik e outros autores (incluindo o próprio Nestrovski), entremeadas de conversas sobre vários assuntos. Da formação do cancioneiro brasileiro ao artesanato de letra e música; das potências transformadoras da bossa-nova e do tropicalismo ao debate sobre a “morte da canção”, Wisnik e Nestrovski cantam e contam a nossa música, situada por eles no contexto da cultura brasileira hoje.

São Paulo

Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana – São Paulo/SP)

Inscrições no www.sescsp.org.br e nas unidades do Sesc. Informações: mutacoes@vilamariana.sescsp.org.br e (11) 5080-3008

Horário: 19h30

11 de agosto - Francis Wolff

A apologia grega da preguiça

A apologia à preguiça no pensamento antigo permite pôr fim a um falso conceito, o do trabalho. A questão será examinada a partir da afirmação de que o trabalho não é um valor, o que afasta a ideia da preguiça como um vício. Dessa maneira, a condenação moral que hoje paira sobre a preguiça não subsiste no pensamento grego, que a vê como repouso, ócio, disponibilidade, independência, liberdade.

Depois da conferência do prof. Francis Wolff serão lançados os livros Mutações – a invenção das crenças (Edições Sesc-SP) e Uma cerveja no dilúvio, de Afonso Henriques Neto, (Rio de Janeiro: 7 Letras, 2011).

18 de agosto - Francisco de Oliveira

Que preguiça

De um ponto de vista marxista pode-se dizer que a venda da força de trabalho ao capital é o que de fato escraviza o homem. Assim, há que se elogiar o preguiçoso, na medida em que ele nada quer com quem pode e deseja comprar sua força de trabalho. O preguiçoso não será aquele que não trabalha, mas quem não trabalha para o capital. Desse modo, o mais autêntico preguiçoso será o criador, o artista, o cientista, aqueles que operam nas margens do capital, contribuindo para desgastá-lo.

19 de agosto - Marilena Chaui

Sobre o direito à preguiça

Ao ócio feliz do Paraíso segue-se o sofrimento do trabalho como pena imposta pela justiça divina a toda a humanidade. O laço que ata preguiça e pecado é um nó invisível que prende imagens sociais de escárnio, condenação e medo. Na conferência serão repassados os caminhos históricos que de um lado transformaram a preguiça em dos sete pecados capitais, e de outro desenvolveram a necessidade de uma extrema valorização do trabalho.

24 de agosto - José Raimundo Maia Neto

Sócrates, Montaigne e Machado

A ociosidade, no sentido do distanciamento do pragmatismo da vida cotidiana (vida ativa), é frequentemente vista como condição para o exercício pleno do pensamento (vida contemplativa). Em tempos e registros discursivos diferentes, Sócrates, Montaigne e Machado de Assis iluminam aspectos centrais desta temática.

25 de agosto - Oswaldo Giacoia Junior

Dizer sim ao ócio ou “Viva a preguiça!”

É preciso refletir sobre a conexão atual entre os temas nietzschianos da escravidão mental, da barbárie civilizada e da ética como estilo de existência e forma de vida, em contraposição ao imperativo categórico do trabalho e rendimento, mediante o confisco do tempo vivido, assim como à autodemissão da responsabilidade e da crítica e à transformação mercantil do ócio em consumo pela indústria do lazer e entretenimento.

26 de agosto - Sergio Paulo Rouanet

Preguiça e ócio na ética iluminista

As categorias de vida ativa e ociosidade têm longa trajetória na modernidade. A primeira abrange as esferas da política e a do trabalho, cujas figuras típicas são o cidadão e o operário. Já a ociosidade abrange as esferas dos que não participam da vida pública, dos que não têm ou perderam sua ocupação e a dos ociosos propriamente ditos. Essas categorias serão vistas dentro do contexto histórico da Ilustração.

31 de agosto - Jean-pierre Dupuy

O tempo que nos resta

A questão proposta por Alexis de Tocqueville em relação ao espírito cada vez mais inquieto do cidadão norte-americano em meio ao mais amplo bem-estar material é o ponto de partida da conferência. Assim, devemos pensar o paradoxo do tempo que “se acelera” angustiosamente na modernidade e a previsão do crescimento da produtividade do trabalho que prometia uma sociedade de tempo livre, com livre espaço para o lazer ou mesmo para a preguiça.

1 de setembro -José Miguel Wisnik

Ócio, labor e obra

Alguns aspectos do romance Macunaíma, de Mário de Andrade, serão analisados para chegar aos textos filosóficos finais de Oswald de Andrade, em que encontramos o horizonte afirmativo de uma conciliação da técnica com o ócio. O contraponto entre os dois autores modernistas brasileiros terá como pano de fundo as reflexões de Hannah Arendt sobre o labor e o trabalho.

2 de setembro - Antonio Cicero

Poesia e preguiça

A partir da palavra de poetas do porte de T. S. Eliot e Baudelaire, e do teórico musical Auguste Barbereau, a conferência discorrerá sobre a constituição de um pensamento poético como oposição ao juízo prático ou cognitivo, uma vez que não é possível fazer um poema – nem é possível fruí-lo – apenas com o intelecto. A esse pensamento poético corresponderá certo estado de preguiça fecunda, uma vez que a poesia irá sempre se comprazer em esbanjar o tempo do poeta e do leitor do poema.

8 de setembro - Frédéric Gros

A política de controle do tempo

O exame das principais dimensões do capitalismo vai indicar a construção de um tempo especializado, produtivo, rentável e acelerado. Ao contrário, a ociosidade será um elogio à ineficácia, à inutilidade, à gratuidade e ao presente imediato. Ou seja, a preguiça estaria condenada a não produzir qualquer “riqueza”, no sentido de um lucro contábil. Se aceitarmos, contudo, distinguir “criação” de “produção”, a preguiça bem poderia ser a condição da possibilidade de um tempo verdadeiramente criador.

9 de setembro - Eugène Enriquez

O ócio e a construção de si

Durante toda a Antiguidade, Idade Média e início dos tempos modernos, trabalhar era incompatível com a condição de homem livre. A Revolução Industrial, a revolução da Independência americana e a Revolução Francesa subverteram essa tradição. A partir desse momento, o ócio, o lazer, a preguiça tornam-se marcas de infâmia. A conferência tratará do assunto, levando em conta a necessidade humana de tempo para se pensar e agir corretamente.

14 de setembro - Renato Lessa

Da preguiça como metafísica

A partir do truque conceitual proposto por Santo Anselmo no século XI para definir Deus na forma de “uma perfeição além da qual nenhuma perfeição é possível”, será considerada na palestra a imagem de “uma preguiça para além da qual nenhuma forma de preguiça pode ser pensada”. Poder-se-ia, assim, falar de uma “metafísica da preguiça”, o que ultrapassa a consideração da preguiça em termos de “valor”.

15 de setembro - Franklin Leopoldo e Silva

Rousseau e os devaneios do caminhante solitário

A conferência começa pelas visões antigas e modernas do trabalho, antes de se apresentar a reflexão sobre as Revêries – Os devaneios de um caminhante solitário, de Rousseau. Nessa obra, as categorias cartesianas são subvertidas: em vez da unidade, a pluralidade; em vez do ponto de partida, os pontos de passagem; em vez da ordem metódica, a divagação; em vez da objetividade, a mais absoluta imanência do sujeito a si mesmo.

16 de setembro - Vladimir Safatle

O esgotamento da ética do trabalho

Na conferência serão examinados sinais de esgotamento de certos processos no campo do que se convencionou chamar de “ética do trabalho” nas últimas décadas do séc. XX, com seus desdobramentos psíquicos. Serão revistos os clássicos trabalhos de Max Weber e os impactos sofridos pelo capitalismo após as revoltas de maio de 1968, sendo assim analisadas certas mutações ocorridas, como o novo entendimento da noção de “trabalho alienado”.

21 de setembro - João Carlos Salles

Sobre a virtude da lentidão

Ao operar extensa crítica ao desmedido otimismo de nosso tempo em relação ao progresso e à ciência, Wittgenstein irá falar do trabalho filosófico em termos de negatividade, conservadorismo, pessimismo. Na palestra será, assim, investigado em que medida o pensamento de Wittgenstein, ao confrontar-se com a civilização ocidental, opera um essencial e necessário exercício de crítica filosófica, para a qual não é absurdo pensar a ideia de progresso como uma grande armadilha.

22 de setembro - Francisco Bosco

Sobre a virtude da lentidão

A conferência terá como pano de fundo a utilização da nomenclatura de Roland Barthes em torno das diferenças entre “textos literários de prazer” e “textos literários de gozo”. Os primeiros – também ditos “clássicos”, ou “legíveis” – proporcionam uma leitura fluente, veloz, desimpedida. Por sua vez, os “textos de gozo” – chamados de “modernos” ou de “vanguarda” -, exigem leitura “aplicada”, em que a lentidão se torna obrigatória.

23 de setembro - Jorge Coli

Sexo, preguiça, bonheur

A conferência tratará de algumas relações entre preguiça e sexo, algo sobre o paraíso que há no ventre feminino (recordando os quadros que exaltam o sexo e o ventre femininos, como a conhecida tela A origem do mundo, de Courbet, que reproduz
uma vagina). Em sequência, também será analisada a novela de Maurice Pons, Rosa ou Le bonheur des hommes.

28 de setembro - Olgária Matos

Educação para a preguiça

É preciso entender o campo conceitual em que se inscreve a preguiça na contemporaneidade. A preguiça atualiza a questão clássica dos “cuidados de si” e da necessidade de uma “educação para a preguiça”. Da preguiça como prostração, que sofre o vazio do tempo, à preguiça como tranquilidade da alma, buscar-se-á a ideia do preguiçoso como o artesão do vazio.

29 de setembro - Maria Rita Kehl

Boêmia e malandragem: a preguiça na cadência do samba

No texto “Dialética da malandragem”, Antonio Candido sugere que a preguiça (no sentido da ‘malandragem’) é uma forma de resistência à exploração do trabalho. Contudo, o tema da preguiça não será tratado na palestra a partir da literatura, mas
sim do samba, ritmo que se tornou expressão da vida dos negros, dos favelados, dos vagabundos e desempregados da cidade do Rio de Janeiro.

30 de setembro - Guilherme Wisnik

Experiência de improdutividade

A partir da década de 1960, na esteira das proposições experimentais da contracultura e da revisão dos pressupostos modernos, coletivos híbridos de arquitetos, artistas e pensadores da cultura formularam propostas transgressivas que, de modo radical, se colocavam em forte oposição ao pragmatismo produtivo e alienado da sociedade. Nesse contexto serão analisados trabalhos de artistas como Hélio Oiticica e Gordon Matta-Clark, e mais recentemente, Hector Zamora.

5 de outubro - Luiz Alberto Oliveira

Sobre inércia e estabilidade

A partir da década de 1960, na esteira das proposições experimentais da contracultura e da revisão dos pressupostos modernos, coletivos híbridos de arquitetos, artistas e pensadores da cultura formularam propostas transgressivas que, de modo radical, se colocavam em forte oposição ao pragmatismo produtivo e alienado da sociedade. Nesse contexto serão analisados trabalhos de artistas como Hélio Oiticica e Gordon Matta-Clark, e mais recentemente, Hector Zamora.

6 de outubro -Marcelo Jasmin

A moderna experiência do progresso

Quais são as transformações ocorridas no mundo ocidental a partir da constituição da disciplina capitalista do trabalho, com a consequente mudança do conceito de “progresso”? Essas transformações envolveram um sem número de aspectos da vida cotidiana das pessoas, tanto dos camponeses quanto dos habitantes do espaço urbano que viram as suas cidades crescer, em ritmo acelerado, com a
implantação de manufaturas e indústrias.

7 de outubro -Arthur Nestrovski e José Miguel Wisnik

Utopia de Itapuã

Nem exatamente show, nem propriamente aula, mas uma mistura original das duas coisas: reunindo os talentos musicais, literários e acadêmicos do compositor, cantor e pianista (e professor da USP) Zé Miguel Wisnik – reconhecido como um dos nomes de ponta da música brasileira – e do compositor, violonista, crítico e escritor (e diretor artístico da Osesp) Arthur Nestrovski, o espetáculo traz uma seleção de canções, de Wisnik e outros autores (incluindo o próprio Nestrovski), entremeadas de conversas sobre vários assuntos. Da formação do cancioneiro brasileiro ao artesanato de letra e música; das potências transformadoras da bossa-nova e do
tropicalismo ao debate sobre a “morte da canção”, Wisnik e Nestrovski cantam e contam a nossa música, situada por eles no contexto da cultura brasileira hoje.

Brasília

Teatro da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul, Quadra 4 – Lote ¾ - Anexo da Matriz – Brasília/DF)

Inscrições a partir de 15/08 na Caixa Cultural, das 13h às 19h. Tel.: (61) 3206-9448 ou 8173-7268. E no site do Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da UnB). Tel.: (61) 2109-5854 ou 2109-5855

Horário: 19h30

8 de setembro - Franklin Leopoldo e Silva

Rousseau e os devaneios do caminhante solitário

A conferência começa pelas visões antigas e modernas do trabalho, antes de se apresentar a reflexão sobre as Revêries – Os devaneios de um caminhante solitário, de Rousseau. Nessa obra, as categorias cartesianas são subvertidas: em vez da unidade, a pluralidade; em vez do ponto de partida, os pontos de passagem; em vez da ordem metódica, a divagação; em vez da objetividade, a mais absoluta imanência do sujeito a si mesmo.

Depois da conferência do prof. Franklin Leopoldo e Silva serão lançados os livros Mutações – a invenção das crenças (Edições Sesc-SP) e Uma cerveja no dilúvio, de Afonso Henriques Neto, (Rio de Janeiro: 7 Letras, 2011).

20 de setembro - Francisco de Oliveira

Que preguiça

De um ponto de vista marxista pode-se dizer que a venda da força de trabalho ao capital é o que de fato escraviza o homem. Assim, há que se elogiar o preguiçoso, na medida em que ele nada quer com quem pode e deseja comprar sua força de trabalho. O preguiçoso não será aquele que não trabalha, mas quem não trabalha para o capital. Desse modo, o mais autêntico preguiçoso será o criador, o artista, o cientista, aqueles que operam nas margens do capital, contribuindo para desgastá-lo.

27 de setembro - José Raimundo Maia Neto

Sócrates, Montaigne e Machado

A ociosidade, no sentido do distanciamento do pragmatismo da vida cotidiana (vida ativa), é frequentemente vista como condição para o exercício pleno do pensamento (vida contemplativa). Em tempos e registros discursivos diferentes, Sócrates, Montaigne e Machado de Assis iluminam aspectos centrais desta temática.

29 de setembro - Oswaldo Giacoia Junior

Dizer sim ao ócio ou “Viva a preguiça!”

É preciso refletir sobre a conexão atual entre os temas nietzschianos da escravidão mental, da barbárie civilizada e da ética como estilo de existência e forma de vida, em contraposição ao imperativo categórico do trabalho e rendimento, mediante o confisco do tempo vivido, assim como à autodemissão da responsabilidade e da crítica e à transformação mercantil do ócio em consumo pela indústria do lazer e entretenimento.

4 de outubro - José Miguel Wisnik

Ócio, labor e obra

Alguns aspectos do romance Macunaíma, de Mário de Andrade, serão analisados para chegar aos textos filosóficos finais de Oswald de Andrade, em que encontramos o horizonte afirmativo de uma conciliação da técnica com o ócio. O contraponto entre os dois autores modernistas brasileiros terá como pano de fundo as reflexões de Hannah Arendt sobre o labor e o trabalho.

5 de outubro - Guilherme Wisnik

Experiência de improdutividade

A partir da década de 1960, na esteira das proposições experimentais da contracultura e da revisão dos pressupostos modernos, coletivos híbridos de arquitetos, artistas e pensadores da cultura formularam propostas transgressivas que, de modo radical, se colocavam em forte oposição ao pragmatismo produtivo e alienado da sociedade. Nesse contexto serão analisados trabalhos de artistas como Hélio Oiticica e Gordon Matta-Clark, e mais recentemente, Hector Zamora.

19 de outubro - Antonio Cicero

Poesia e preguiça

A partir da palavra de poetas do porte de T. S. Eliot e Baudelaire, e do teórico musical Auguste Barbereau, a conferência discorrerá sobre a constituição de um pensamento poético como oposição ao juízo prático ou cognitivo, uma vez que não é possível fazer um poema – nem é possível fruí-lo – apenas com o intelecto. A esse pensamento poético corresponderá certo estado de preguiça fecunda, uma vez que a poesia irá sempre se comprazer em esbanjar o tempo do poeta e do leitor do poema.

25 de outubro - Francisco Bosco

Sobre a virtude da lentidão

A conferência terá como pano de fundo a utilização da nomenclatura de Roland Barthes em torno das diferenças entre “textos literários de prazer” e “textos literários de gozo”. Os primeiros – também ditos “clássicos”, ou “legíveis” – proporcionam uma leitura fluente, veloz, desimpedida. Por sua vez, os “textos de gozo” – chamados de “modernos” ou de “vanguarda” -, exigem leitura “aplicada”, em que a lentidão se torna obrigatória.

27 de outubro - Vladimir Safatle

O esgotamento da ética do trabalho

Na conferência serão examinados sinais de esgotamento de certos processos no campo do que se convencionou chamar de “ética do trabalho” nas últimas décadas do séc. XX, com seus desdobramentos psíquicos. Serão revistos os clássicos trabalhos de Max Weber e os impactos sofridos pelo capitalismo após as revoltas de maio de 1968, sendo assim analisadas certas mutações ocorridas, como o novo entendimento da noção de “trabalho alienado”.

Belo Horizonte

Casa Fiat de Cultura (Rua Jornalista Djalma Andrade, 1250 – Belvedere – Belo Horizonte/MG)

Inscrições: APPA (Rua Paraíba, 330, sala 909 – Funcionários – Belo Horizonte/MG. Tel.: 313224-5350) ou pelo e-mail appa@appa.art.br

Horário: 19h30

16 de agosto - Francis Wolff

A apologia grega da preguiça

A apologia à preguiça no pensamento antigo permite pôr fim a um falso conceito, o do trabalho. A questão será examinada a partir da afirmação de que o trabalho não é um valor, o que afasta a ideia da preguiça como um vício. Dessa maneira, a condenação moral que hoje paira sobre a preguiça não subsiste no pensamento grego, que a vê como repouso, ócio, disponibilidade, independência, liberdade.

Depois da conferência do prof. Francis Wolff serão lançados os livros Mutações – a invenção das crenças (Edições Sesc-SP) e Uma cerveja no dilúvio, de Afonso Henriques Neto, (Rio de Janeiro: 7 Letras, 2011).

17 de agosto - Francisco de Oliveira

Que preguiça

De um ponto de vista marxista pode-se dizer que a venda da força de trabalho ao capital é o que de fato escraviza o homem. Assim, há que se elogiar o preguiçoso, na medida em que ele nada quer com quem pode e deseja comprar sua força de trabalho. O preguiçoso não será aquele que não trabalha, mas quem não trabalha para o capital. Desse modo, o mais autêntico preguiçoso será o criador, o artista, o cientista, aqueles que operam nas margens do capital, contribuindo para desgastá-lo.

18 de agosto - Marilena Chaui

Sobre o direito à preguiça

Ao ócio feliz do Paraíso segue-se o sofrimento do trabalho como pena imposta pela justiça divina a toda a humanidade. O laço que ata preguiça e pecado é um nó invisível que prende imagens sociais de escárnio, condenação e medo. Na conferência serão repassados os caminhos históricos que de um lado transformaram a preguiça em dos sete pecados capitais, e de outro desenvolveram a necessidade de uma extrema valorização do trabalho.

23 de agosto - José Raimundo Maia Neto

Sócrates, Montaigne e Machado

A ociosidade, no sentido do distanciamento do pragmatismo da vida cotidiana (vida ativa), é frequentemente vista como condição para o exercício pleno do pensamento (vida contemplativa). Em tempos e registros discursivos diferentes, Sócrates, Montaigne e Machado de Assis iluminam aspectos centrais desta temática.

24 de agosto - Oswaldo Giacoia Junior

Dizer sim ao ócio ou “Viva a preguiça!”

É preciso refletir sobre a conexão atual entre os temas nietzschianos da escravidão mental, da barbárie civilizada e da ética como estilo de existência e forma de vida, em contraposição ao imperativo categórico do trabalho e rendimento, mediante o confisco do tempo vivido, assim como à autodemissão da responsabilidade e da crítica e à transformação mercantil do ócio em consumo pela indústria do lazer e entretenimento.

25 de agosto - Sergio Paulo Rouanet

Preguiça e ócio na ética iluminista

As categorias de vida ativa e ociosidade têm longa trajetória na modernidade. A primeira abrange as esferas da política e a do trabalho, cujas figuras típicas são o cidadão e o operário. Já a ociosidade abrange as esferas dos que não participam da vida pública, dos que não têm ou perderam sua ocupação e a dos ociosos propriamente ditos. Essas categorias serão vistas dentro do contexto histórico da Ilustração.

30 de agosto - Jean-Pierre Dupuy

O tempo que nos resta

A questão proposta por Alexis de Tocqueville em relação ao espírito cada vez mais inquieto do cidadão norte-americano em meio ao mais amplo bem-estar material é o ponto de partida da conferência. Assim, devemos pensar o paradoxo do tempo que “se acelera” angustiosamente na modernidade e a previsão do crescimento da produtividade do trabalho que prometia uma sociedade de tempo livre, com livre espaço para o lazer ou mesmo para a preguiça.

31 de agosto - José Miguel Wisnik

Ócio, labor e obra

Alguns aspectos do romance Macunaíma, de Mário de Andrade, serão analisados para chegar aos textos filosóficos finais de Oswald de Andrade, em que encontramos o horizonte afirmativo de uma conciliação da técnica com o ócio. O contraponto entre os dois autores modernistas brasileiros terá como pano de fundo as reflexões de Hannah Arendt sobre o labor e o trabalho.

1 de setembro - Antonio Cicero

Poesia e preguiça

A partir da palavra de poetas do porte de T. S. Eliot e Baudelaire, e do teórico musical Auguste Barbereau, a conferência discorrerá sobre a constituição de um pensamento poético como oposição ao juízo prático ou cognitivo, uma vez que não é possível fazer um poema – nem é possível fruí-lo – apenas com o intelecto. A esse pensamento poético corresponderá certo estado de preguiça fecunda, uma vez que a poesia irá sempre se comprazer em esbanjar o tempo do poeta e do leitor do poema.

7 de setembro - Frédéric Gros

A política de controle do tempo

O exame das principais dimensões do capitalismo vai indicar a construção de um tempo especializado, produtivo, rentável e acelerado. Ao contrário, a ociosidade será um elogio à ineficácia, à inutilidade, à gratuidade e ao presente imediato. Ou seja, a preguiça estaria condenada a não produzir qualquer “riqueza”, no sentido de um lucro contábil. Se aceitarmos, contudo, distinguir “criação” de “produção”, a preguiça bem poderia ser a condição da possibilidade de um tempo verdadeiramente criador.

8 de setembro - Eugène Enriquez

O ócio e a construção de si

Durante toda a Antiguidade, Idade Média e início dos tempos modernos, trabalhar era incompatível com a condição de homem livre. A Revolução Industrial, a revolução da Independência americana e a Revolução Francesa subverteram essa tradição. A partir desse momento, o ócio, o lazer, a preguiça tornam-se marcas de infâmia. A conferência tratará do assunto, levando em conta a necessidade humana de tempo para se pensar e agir corretamente.

13 de setembro - Renato Lessa

Da preguiça como metafísica

A partir do truque conceitual proposto por Santo Anselmo no século XI para definir Deus na forma de “uma perfeição além da qual nenhuma perfeição é possível”, será considerada na palestra a imagem de “uma preguiça para além da qual nenhuma forma de preguiça pode ser pensada”. Poder-se-ia, assim, falar de uma “metafísica da preguiça”, o que ultrapassa a consideração da preguiça em termos de “valor”.

14 de setembro - Franklin Leopoldo e Silva

Rousseau e os devaneios do caminhante solitário

A conferência começa pelas visões antigas e modernas do trabalho, antes de se apresentar a reflexão sobre as Revêries – Os devaneios de um caminhante solitário, de Rousseau. Nessa obra, as categorias cartesianas são subvertidas: em vez da unidade, a pluralidade; em vez do ponto de partida, os pontos de passagem; em vez da ordem metódica, a divagação; em vez da objetividade, a mais absoluta imanência do sujeito a si mesmo.

15 de setembro - Vladimir Safatle

O esgotamento da ética do trabalho

Na conferência serão examinados sinais de esgotamento de certos processos no campo do que se convencionou chamar de “ética do trabalho” nas últimas décadas do séc. XX, com seus desdobramentos psíquicos. Serão revistos os clássicos trabalhos de Max Weber e os impactos sofridos pelo capitalismo após as revoltas de maio de 1968, sendo assim analisadas certas mutações ocorridas, como o novo entendimento da noção de “trabalho alienado”.

20 de setembro - João Carlos Salles

Sobre a virtude da lentidão

Ao operar extensa crítica ao desmedido otimismo de nosso tempo em relação ao progresso e à ciência, Wittgenstein irá falar do trabalho filosófico em termos de negatividade, conservadorismo, pessimismo. Na palestra será, assim, investigado em que medida o pensamento de Wittgenstein, ao confrontar-se com a civilização ocidental, opera um essencial e necessário exercício de crítica filosófica, para a qual não é absurdo pensar a ideia de progresso como uma grande armadilha.

21 de setembro - Francisco Bosco

Sobre a virtude da lentidão

A conferência terá como pano de fundo a utilização da nomenclatura de Roland Barthes em torno das diferenças entre “textos literários de prazer” e “textos literários de gozo”. Os primeiros – também ditos “clássicos”, ou “legíveis” – proporcionam uma leitura fluente, veloz, desimpedida. Por sua vez, os “textos de gozo” – chamados de “modernos” ou de “vanguarda” -, exigem leitura “aplicada”, em que a lentidão se torna obrigatória.

22 de setembro - Jorge Coli

Sexo, preguiça, bonheur

A conferência tratará de algumas relações entre preguiça e sexo, algo sobre o paraíso que há no ventre feminino (recordando os quadros que exaltam o sexo e o ventre femininos, como a conhecida tela A origem do mundo, de Courbet, que reproduz uma vagina). Em sequência, também será analisada a novela de Maurice Pons, Rosa ou Le bonheur des hommes.

27 de setembro - Olgária Matos

Educação para a preguiça

É preciso entender o campo conceitual em que se inscreve a preguiça na contemporaneidade. A preguiça atualiza a questão clássica dos “cuidados de si” e da necessidade de uma “educação para a preguiça”. Da preguiça como prostração, que sofre o vazio do tempo, à preguiça como tranquilidade da alma, buscar-se-á a ideia do preguiçoso como o artesão do vazio.

28 de setembro - Maria Rita Kehl

Boêmia e malandragem: a preguiça na cadência do samba

No texto “Dialética da malandragem”, Antonio Candido sugere que a preguiça (no sentido da ‘malandragem’) é uma forma de resistência à exploração do trabalho. Contudo, o tema da preguiça não será tratado na palestra a partir da literatura, mas sim do samba, ritmo que se tornou expressão da vida dos negros, dos favelados, dos vagabundos e desempregados da cidade do Rio de Janeiro.

29 de setembro - Guilherme Wisnik

Experiência de improdutividade

A partir da década de 1960, na esteira das proposições experimentais da contracultura e da revisão dos pressupostos modernos, coletivos híbridos de arquitetos, artistas e pensadores da cultura formularam propostas transgressivas que, de modo radical, se colocavam em forte oposição ao pragmatismo produtivo e alienado da sociedade. Nesse contexto serão analisados trabalhos de artistas como Hélio Oiticica e Gordon Matta-Clark, e mais recentemente, Hector Zamora.

4 de outubro - Luiz Alberto Oliveira

Sobre inércia e estabilidade

A partir da década de 1960, na esteira das proposições experimentais da contracultura e da revisão dos pressupostos modernos, coletivos híbridos de arquitetos, artistas e pensadores da cultura formularam propostas transgressivas que, de modo radical, se colocavam em forte oposição ao pragmatismo produtivo e alienado da sociedade. Nesse contexto serão analisados trabalhos de artistas como Hélio Oiticica e Gordon Matta-Clark, e mais recentemente, Hector Zamora.

5 de outubro - Marcelo Jasmin

A moderna experiência do progresso

Quais são as transformações ocorridas no mundo ocidental a partir da constituição da disciplina capitalista do trabalho, com a consequente mudança do conceito de “progresso”? Essas transformações envolveram um sem número de aspectos da vida cotidiana das pessoas, tanto dos camponeses quanto dos habitantes do espaço urbano que viram as suas cidades crescer, em ritmo acelerado, com a implantação de manufaturas e indústrias.

6 de outubro - Arthur Nestrovski e José Miguel Wisnik

Utopia de Itapuã

Nem exatamente show, nem propriamente aula, mas uma mistura original das duas coisas: reunindo os talentos musicais, literários e acadêmicos do compositor, cantor e pianista (e professor da USP) Zé Miguel Wisnik – reconhecido como um dos nomes de ponta da música brasileira – e do compositor, violonista, crítico e escritor (e diretor artístico da Osesp) Arthur Nestrovski, o espetáculo traz uma seleção de canções, de Wisnik e outros autores (incluindo o próprio Nestrovski), entremeadas de conversas sobre vários assuntos. Da formação do cancioneiro brasileiro ao artesanato de letra e música; das potências transformadoras da bossa-nova e do tropicalismo ao debate sobre a “morte da canção”, Wisnik e Nestrovski cantam e contam a nossa música, situada por eles no contexto da cultura brasileira hoje.
[10/08/2011 00:00:00]