Propaganda de e-books ainda é um problema
PublishNews, 22/06/2011
Propaganda de e-books ainda é um problema

Desde os meus oito anos, sempre estou lendo pelo menos um livro. Quando era criança, os encontrava em casa (papai trabalhava na indústria) ou na biblioteca da cidade, Croton-on-Hudson, ou na biblioteca da escola. Às vezes situações fora do comum me traziam um monte de material de leitura. Nos últimos dias do segundo ano da escola, peguei catapora e fiquei na cama por umas duas semanas. Já tinha desenvolvido uma afinidade com a série de livros infantis da Random House sobre história norte-americana chamada Landmark Books, que ainda está disponível. Papai conhecia a pessoa na gráfica responsável pela conta da Random House e uma caixa com 40 livros chegou um dia depois que fui diagnosticado. Quando finalmente pude sair da cama, já tinha lido todos.

Quando estava no ensino médio, descobri que uma grande farmácia na esquina da Rua 42 com a Rua Vanderbilt, na Grand Central Station, tinha uma enorme seleção de livros paperback e ela se tornou um destino de compras pra mim por um bom tempo.

Quando adulto, as compras e as descobertas passaram a acontecer nas livrarias. E apesar de, ocasionalmente, encontrar ideias sobre o que ler em resenhas de livros ou recomendações de amigos, normalmente eu simplesmente ia até a livraria e comprava. Ia dar uma espiada nas seções de história norte-americana, biografias ou esportes (besisebol tem sua própria estante dentro de esportes).

Nunca me tomou muito tempo encontrar o que eu queria ler até chegar aos e-books.

Na era dos e-books pré-Kindle, eu era cativo da loja Palm Digital, porque lia num Palm e sua postura era não permitir que outras lojas vendessem seu formato. As escolhas eram limitadas porque as editoras, antes da chegada do Kindle, relutavam em fazer os investimentos necessários para publicar livros para mim e para as outras quatro pessoas que liam e-books na época. Isso mudou imediatamente quando o Kindle chegou e, por causa dele e de outros grandes formatos que chegaram ao mercado desde então, as opções são muito maiores agora. Quase todo livro novo que quero ler está disponível para o aparelho que escolhi (o iPhone) e a digitalização do catálogo continua acontecendo nas editoras.

Mas a propaganda, pelo menos para alguém que compra num iPhone (é um pouco melhor através de outros aparelhos ou PCs), deixa muito a desejar. Minhas experiências de compra são, na verdade, parecidas a uma caminhada aleatória. Eu peço para a minha loja me mostrar os livros por categoria e, como minhas categorias não mudam muito (e não mudaram muito desde que sou criança), tendo a ver os mesmos livros muitas vezes, muitos dos quais já li (talvez em outros formatos).

Há pouco tempo, estava comprando minha próxima leitura no iPhone. Comecei a comprar com o Kindle e depois com o Nook, mas alguns minutos em cada site mobile não mostraram nada que me animasse. Aí, no Google eBooks, encontrei Making of the President 1968, de Theodore White. Esse era o que eu queria ler. Comprei e já estou na metade.

Não existe nenhuma garantia especial de que vou encontrar meu próximo livro na Google. Ainda não encontrei nenhum padrão claro entre as quatro lojas em que compro normalmente (Kobo é a quarta). Obviamente, se eu soubesse que queria ler outro thriller de James Patterson ou John Locke, os dois estariam em poucos minutos no meu iPhone sem grandes problemas. É quando estou buscando por assunto que encontrar uma boa opção de leitura parece ser um golpe de sorte. Com certeza não estou ajudando as livrarias ao ficar fazendo compras em vários lugares; mesmo se alguma delas tivesse um bom motor de busca para guardar as minhas compras anteriores, ler o meu perfil e fazer uma excelente recomendação, eu estaria complicando por ficar espalhando meus dados por aí.

Tudo isso mostra a dificuldade do desafio enfrentado por Bookish nos EUA e aNobii no Reino Unido, dois sites para "encontrar a próxima leitura", financiados por grandes editoras. E eles se juntam a uma longa lista de sites que tentaram construir recomendações e conversas comunitárias baseadas no que as pessoas estão lendo: Goodreads, Shelfari, Library Thing, e a nova plataforma de e-books, Copia.

Acontece que a nossa empresa está agora se dedicando a colocar o livro do “The Shatzkin Files” em plataformas diferentes da sua inicial, a Kobo (os 60 dias de exclusividade terminaram). Quando encontramos um limite de sete palavras-chave no processo de upload do Kindle, comecei a questionar: “Por que esse limite?”

E tive uma boa resposta. Acontece que a inclinação de qualquer autor ou editor seria colocar um monte de palavras-chave. Essa era a minha intenção. Ia pegar toda palavra-chave de todo post e colocar no livro. Mas, depois de refletir, como meu amigo na Amazon sugeriu, isso realmente não ajudaria o leitor que estava procurando o meu livro. O fato de um post no blog falar sobre um sobrevivente do Holocausto não quer dizer que alguém procurando esse tópico vai querer meu livro, cujo resto do conteúdo fala sobre coisas totalmente diferentes.

Acontece que a Amazon usa algoritmos criados por busca de texto completo para melhorar o que eles mostram em resposta às buscas que o editor e o autor não necessariamente pensam quando criam metadados. Como exemplo, ele mostrou um livro que você vai encontrar na Amazon se procurar por “erasure coding”, um termo de arte que poderia muito bem não ter sido incluído por um autor ou editor ao inserir palavras-chave, mas que os métodos mais sofisticados da Amazon permitem que seja usado para buscas.

Meu amigo na Amazon não disse isso, e talvez eu esteja lendo muito sobre o que eles fazem, mas quase parece que as palavras-chave que colocamos poderiam ser supérfluas e a capacidade que eles têm de fazer análises e algoritmos sobre textos completos na verdade mandam no que descobrimos. Talvez a solicitação de palavras-chave a autores e editores seja “só pra inglês ver”, mas é claro que não espero que a Amazon admita isso.

Eu estava apenas procurando por "história norte-americana" quando encontrei Making of the President 1968 no Google (e não encontrei em nenhum outro lugar quando procurei). Então, as sofisticadas capacidades da Amazon não funcionaram para mim e agora o mecanismo deles não sabe que esse era um livro que eu queria, porque comprei em outro lugar.

Mas estou realmente feliz por ter encontrado este livro, que deve ter saído bem recentemente em formato e-book. Eu fui bastante ativo naquela campanha e na Convenção Democrática em Chicago, onde era o assistente de Pierre Salinger na primeira campanha de George McGovern. O autor dos livros da série Making of the President, Theoore White, era amigo de Salinger e eu o conheci na convenção. Mas vou guardar as histórias dessa campanha para outro post, em outro dia.

[21/06/2011 21:00:00]