Os significados de memória e esquecimento em diferentes épocas históricas e a importância que os estudos filosóficos relegaram a esses temas recebem a atenção de Paolo Rossi em seis inspirados ensaios, reunidos na obra O passado, a memória, o esquecimento: seis ensaios da história das idéias (Unesp, 240 pp., R$ 32). Tratando a memória como persistência, o autor entra num campo de discussão que envolve o esquecimento e a reminiscência – ou seja, a capacidade de recuperar algo que se possuía e que se perdeu com o passar do tempo.
Personagens literários, como o “memorioso” Funes, de Jorge Luis Borges (1899-1986), e outros da teoria clínica, a exemplo de S., um homem que não esquecia, do neuropsicólogo soviético Alexander R. Luria (1902-1977), são invocados por Rossi em análises recheadas de metáforas e questionamentos. O poder das imagens também é salientado pelo autor, que afirma que elas são subavaliadas em publicações desse tema.
A problematização da memória vem ganhando crescente relevância nos campos da filosofia, comunicação, propaganda, entre outros. Nos anos 50, poucos eram os nomes que dedicavam esforços a essa área de pesquisa, excetuando-se estudiosos da neurociência e da psicologia. Neste livro, Paolo Rossi consegue reunir as principais temáticas que impulsionam trabalhos sobre memória nas décadas recentes, além de tecer considerações sobre o papel do esquecimento para o desenvolvimento das ciências.
Sobre o autor
Nasceu em Urbino, Itália, em 1923. Professor de história da filosofia na Universidade de Florença organizou importantes edições de obras de Diderot, Rousseau, Vico e Bacon. Escreveu, entre outros, Francisco Bacone: dalla magia alla scienza (1957), Clavis universalis (1960), Storia e filosofia (1969), Aspetti della rivoluzione scientifica (1971), Immagini della scienza (1977).