Autor de mais de 15 títulos entre ficção, volumes didáticos e ensaios acadêmico e vencedor de quase todos os prêmios literários de língua portuguesa no ano passado com o festejado Filho eterno, Cristovão Tezza volta agora com novo romance. Um erro emocional (Record, 192 pp., R$ 34,90) narra uma intensa e sensível história de amor — ou, mais propriamente, de uma aproximação amorosa — entre um escritor, Paulo Donetti, e Beatriz, uma revisora de textos.
A delicada narrativa se passa em um curto espaço de tempo — uma noite —, mas passeia pela memória dos personagens, compondo um duplo mosaico do passado. Tudo começa com uma declaração, uma frase truncada que diz: “cometi um erro emocional”. O diálogo travado a partir dessa confissão insinua, mais do que de fato revela, um mergulho pelas lembranças – sejam as frágeis situações familiares, sejam os fracassados relacionamentos amorosos – que habitam a mente dos personagens.
Nas poucas palavras trocadas entre cálices de vinho e goles de chá, sente-se a presença do não dito e daquilo que ficou por dizer. Aos 42 anos mal vividos, o escritor sonha ter encontrado enfim uma mulher disposta a conduzi-lo. E Beatriz, uma desconhecida, agora tem diante de si o próprio autor que aprendera a amar pelos livros, num misto de admiração, idealização e, sobretudo, falta de intimidade.
Movidos pelo desejo, mas paralisados diante do medo, Paulo e Beatriz se tornam cúmplices. Nos intervalos de silêncio, a esgrima dos sentimentos tateia em busca da palavra que redime: “O amor é um sentimento necessariamente povoado de sombras. Ou será a paixão que é sombria?”