Livro sobre os efeitos sociais do álcool será lançado hoje
PublishNews, Redação, 19/10/2010
“Bebida, abstinência e temperança - na história antiga e moderna” é um lançamento da Senac São Paulo

As pesquisas a respeito do álcool se debruçam em questões ligadas à saúde ou são restritas às áreas da enologia e da gastronomia. O livro Bebida, abstinência e temperança - na história antiga e moderna (Senac São Paulo, 288 pp., R$ 60) foge à regra. Nele, o historiador e professor da Universidade de São Paulo (USP) Henrique Carneiro analisa a relação do homem com as bebidas alcoólicas, investigado as conseqüências sociais e morais de sua ingestão. O lançamento será hoje (19), às 18h30, na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915 – Vila Madalena – São Paulo/SP. Tel.: 11 3814-5811).

As pesquisas a respeito do álcool se debruçam em questões ligadas à saúde ou são restritas às áreas da enologia e da gastronomia. O livro Bebida, abstinência e temperança - na história antiga e moderna (Senac São Paulo, 288 pp., R$ 60) foge à regra. Nele, o historiador e professor da Universidade de São Paulo (USP) Henrique Carneiro analisa a relação do homem com as bebidas alcoólicas, investigado as conseqüências sociais e morais de sua ingestão. O lançamento será hoje (19), às 18h30, na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915 – Vila Madalena – São Paulo/SP. Tel.: 11 3814-5811).

Carneiro investiga as transformações históricas no conceito de embriaguez, na sua definição e no seu significado. Segundo o autor, além de ser fenômeno social, constituindo identidades e marcando classes, gêneros e idades, o álcool pode ser um objeto da história cultural do corpo. "Mais do que apenas a história dos produtos, a trajetória da embriaguez está ligada às ideias. Assim como às práticas, aos atos, aos discursos, aos gestos e às palavras", diz o autor.

Para realizar a pesquisa, Carneiro reúne referências das formas culturais de consumo das bebidas, analisa os aspectos econômicos que envolvem esse ato e demonstra como os princípios em relação ao álcool são diferenciados conforme cada época. O autor parte da Antiguidade Clássica, na Grécia e em Roma e baseia sua tese em pensamentos filosóficos, médicos e religiosos,que orientaram a visão judaica, cristã e islâmica e influenciaram a era moderna.

Ao abordar o papel das bebidas alcoólicas ao longo dos tempos, Carneiro reúne referências que traçam um esboço do percurso moral da embriaguez. Nos primeiros capítulos, dedicados à Antiguidade, analisa, por exemplo, a importância do vinho para os gregos. Essa bebida era considerada o soro da verdade e ajudava a tirar as máscaras sociais das pessoas, revelando seus verdadeiros sentimentos e pensamentos. O autor detalha as lendas mitológicas - carregadas de simbolismos - sobre a origem do vinho e dos deuses que o representam: Dionisio (Grécia) e Baco (Roma).

Em seguida, o livro se detém na época moderna e contemporânea, quando se consolidam e se globalizam os fluxos comerciais das bebidas e as representações culturais de seus efeitos. Carneiro estuda a primeira grande disseminação dos destilados, ocorrida no século XVII, chamada pelo historiador francês Fernand Braudel de revolução do álcool. Nesse capítulo, o autor aborda também a trajetória do álcool no Brasil, mostrando como o hábito de consumir cachaça foi retratado por escritores como Gilberto Freyre e Caio Prado Jr., além de detalhar estudos antropológicos e sociológicos sobre o tema, desenvolvidos por especialistas brasileiros.

Um dos debates mais importantes destacados na obra é o conceito de temperança e abstinência. Segundo o autor, na relação do homem com as bebidas alcoólicas surge uma virtude: a temperança, a busca da harmonia possível diante das tentações. Essa qualidade de equilíbrio desejável é registrada desde a antiguidade e molda a forma de pensar e de agir até os dias de hoje. "Ela pressupõe um distanciamento da intemperança, que é o excesso, e também da carência, que é a abstinência", afirma Carneiro.
[19/10/2010 01:00:00]