Três filhotes que realmente deveriam voar
PublishNews, 06/10/2010
Na coluna desta semana, Mike Shatzkin conta sobre três iniciativas que estão dando certo e que podem servir como exemplos

Às vezes você ouve sobre uma ideia ou um novo negócio que parece tão certo de ganhar dinheiro que você deseja ter investido nisso e imagina que é só uma questão de tempo antes que o negócio cresça e se torne algo muito poderoso e importante.

Aqui vão três desses exemplos - que deveriam ser de interesse de editores e sobre os quais todos os que têm interesse neste blog já deveriam conhecer – que não têm relação entre si e são similares em apenas um aspecto. Se eles executarem e entregarem o que prometem, o que no último desses três casos está realmente além da questão, eles devem ter um futuro muito brilhante.

Um desses negócios foi sonhado sem editora tal como a conhecemos. É chamado Open Sky, e permite a qualquer site vender qualquer coisa. Open Sky agrega preço de atacado para suprimentos de qualquer tipo e permite que qualquer site (ou blog) venda os produtos com lucro. E eles fornecem ao site qualquer tecnologia ou funcionalidade de que eles necessitem e ainda uma plataforma de comércio para permitir coleta e uso das informações dos consumidores.

Então da perspectiva dos fabricantes, eles estão na dianteira de um monte de olheiros e revendedores. Da perspectiva de um site ou de um blog, eles fornecem tanto a relação comercial quanto as ferramentas web necessárias para 'estoque' e vendem itens relevantes para o público do site. Eles são intermediários nos arranjos de negócios que são úteis nas duas pontas e permitem vendas que simplesmente são existiriam se eles não existissem.

Ex-editora de livros e agente Mary Ann Naples viu o potencial da Open Sky com alguns de seus clientes que são escritores e blogueiros. Imagine ser um blogueiro que escreve sobre culinária e que suas panelas e frigideiras preferidas. Mary Ann representou pessoas como essas e ela tem levado a Open Sky para o mercado de de livros.

Da perspectiva de um cara que tem dito aos editores para usar o conteúdo deles como isca para atrair e agregar público porque eles são obrigados a ter valores remuneratórios, Open Sky fornece uma resposta para a pergunta que eu mais escuto quando eu exponho meu pensamento. ("Ótimo, Mike, mas como eu vou fazer dinheiro?")

A segunda ideia é um negócio de editora que você provavelmente já ouviu (ou deveria ter ouvido) chamado Flat Word Knowledge. Flat Word criou os livros de faculdade, fazendo mais ou menos do jeito antigo de fazer, apesar de ser mais rápido e mais barato que os grandes fazem. O que é diferente sobre Flat Word é seu modelo comercial. Todo o conteúdo deles está disponível gratuitamente na web em HTML, mas você pode comprar (impresso ou digital) se você precisar ter o produto em mãos ou fazer marcações no texto.

Embrulhado no modelo Flat Word está a capacidade dos professores de adicionar outro material, deles mesmos ou de mais alguém, ao texto Flat Word. Aquele material torna-se parte da oferta ao estudante e em breve Flat Word vai possibilitar que o material esteja também disponível a professores de outras escolas para que ofereçam aos seus alunos (com royalty, claro!). Flat Word tem tido livros no mercado por mais ou menos 18 meses; eles aprenderam o bastante sobre o fato de exposição gratuita em HTML trazer vendas lucrativas. E "quanto" é aparentemente "o bastante".

Em um mundo onde a pressão preço-margem de lucro no modelo de livros técnicos tem crescido com dificuldade para editores e estudantes, a nova abordagem da Flat Word parece ser suscetível ao sucesso. Vale a pena notar que a Macmillan agora entrega a parte customizada pelo professor no modelo da Flat Word, mas isso é extremamente difícil para uma editora estabelecida com uma estrutura de legado de custo a competir com o modelo comercial gratuito na web. Isso vai se tornar uma ameaça crescente aos profissionais estabelecidos no espaço de livros de faculdade.

A terceira iniciativa vem de duas gigantes do mercado: Macmillan e Ingram. (É necessário dizer que a Ingram é, nesse momento, nosso cliente.) Eles acabaram de assinar um acordo no qual impressão, armazenamento e transporte da Ingram se torna uma extensão da operação da Macmillan. Livros podem ser facilmente deslocados de um modelo de tiragem para a impressão sob demanda (e voltar). A Macmillan está minimizando o armazenamento, mantendo livros que geraram receita no passado quando eles poderiam estar esgotados, e antecipando uma inevitável futura redução de infraestrutura que acontecerá na mudança de impresso para digital.

Em uma recente conversa na blogosfera desencadeada pelas observações de Evan Schnittman sobre o fato de que o impacto causado pelos e-books seria a expansão do mercado, Eoin Purcell escreveu sobre o impacto comercial dos leitores mudando de e-books para impressos. Purcell tem medo de que as editoras sejam forçadas a desistir da receita de livros impressos se os impressos forem soterrados pelos e-books. O que ele vê é que enquanto as tiragens caem, os custos de impressão sobem, e se isso força os preços para cima, vai intensificar o declínio dos impressos, o que pode diminuir mais na medida em que não vai valer a pena fazer.

Certamente é um desafio que as editoras encaram, e eles sabem disso. O diretor de vendas da Big Six, editora com vários best-sellers, antecipando que a venda de e-book poderia passar os 20% do total para a maioria dos seus livros no próximo ano, disse "eu espero sermos experts o bastante para administrar nossas impressões e distribuições." Adicionar as capacidades da Ingram às da editora Macmillan como acabaram de fazer ajuda a melhorar aquele problema e uma infinidade de outros. É uma maneira que as editoras encontraram de reduzir despesas e ao mesmo tempo aumentar a capacidade operacional. Eu ficaria surpreso se não víssemos algumas, se não muitas, outras editoras buscarem essas soluções nos próximos meses.

[05/10/2010 21:00:00]