O Fantasma da Revolução Brasileira (Unesp, 324 pp., R$ 48) desvenda os significados e as raízes sociais da luta dos grupos de esquerda, especialmente os armados, entre 1964 e 1974. Com base em 35 entrevistas exclusivas com ex-militantes e em quadros estatísticos, construídos a partir do levantamento do Projeto Brasil: Nunca Mais, Marcelo Ridenti mapeia as esquerdas e procura acertar as contas com o fantasma de uma revolução derrotada. Indo além da política, mostra como essa derrota repercutiu na matriz cultural brasileira, na canção, no teatro, no cinema e na literatura. A análise não se restringe às organizações que se nomeavam “de vanguarda” nem julga suas ações e protagonistas, mas procura compreendê-las no movimento mais amplo e contraditório de toda a sociedade brasileira. Destaca no âmbito social a participação da intelectualidade brasileira, do movimento estudantil, das mulheres, dos operários, camponeses e militares no projeto revolucionário. Desta maneira, dissipando a imensa bruma que encobre o significado histórico, social e político da luta das esquerdas armadas, descobre-se como o período ditatorial “feriu de morte o florescimento cultural e político” do Brasil.