No ano do cinqüentenário de morte de Albert Camus (1913-1960), a BestBolso lança mais duas importantes obras do autor franco-argelino: O estrangeiro (112 pp., R$12,90 – Trad. Valerie Rumjanek) e O mito de Sísifo (140 pp., R$12,90 - Trad. Ari Roitman e Paulina Watch), ambos com prefácio exclusivo assinado por Manuel da Costa Pinto. Com esses dois lançamentos, a editora passa a ter quatro obras de Camus em formato de bolso– as primeiras foram A queda e A peste.
Os livros
Traduzido para mais de 40 idiomas, O estrangeiro é hoje o recordista absoluto de vendas em formato de bolso na França. O romance faz parte do "ciclo do absurdo" do escritor e é seu livro mais conhecido. O narrador-personagem é o argelino Meursault, que mata um árabe por impulso. Meursault é o anti-herói que assassina um homem "por causa do sol" e sobe ao cadafalso afirmando que "fora feliz e que o era ainda". Publicado em 1942, este livro ganha repercussão com a visionária inquietação do autor. Suas obras são muito marcadas pela incerteza e pelo absurdo da existência.
O ensaio O mito de Sísifo, de 1942, sobre o absurdo, tornou-se uma importante contribuição filosófico-existencial e exerceu influência profunda sobre toda uma geração. Camus destaca o mundo imerso em irracionalidades e lembra Sísifo, condenado pelos deuses a empurrar incessantemente uma pedra até o alto da montanha, de onde ela tornava a cair, caracterizando seu trabalho como inútil e sem esperança. O autor faz um retrato do vazio em que vivemos e do dilema enfrentado pelo homem contemporâneo: "Ou não somos livres e o responsável pelo mal é Deus Todo-Poderoso, ou somos livres e responsáveis, mas Deus não é Todo-Poderoso."
O autor
Pertencente a uma família operária, Albert Camus (1913-1960) cresceu na Argélia, onde estudou filosofia. Filho de um francês e de uma descendente de espanhóis, o escritor perdeu o pai na Batalha do Marne, em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial. Marcado pela guerra, pela fome e pela miséria, filiou-se na França ao Partido Comunista (1934-1935) e em 1940 aderiu ao movimento da Resistência contra a ocupação alemã. Ao lado de Jean-Paul Sartre foi um dos principais representantes do existencialismo francês, influenciando de modo decisivo a visão de mundo da geração de intelectuais rebeldes da época do pós-guerra. Em 1957, Camus foi agraciado com o Prêmio Nobel da Literatura.