Não deu para a Pearson ou para a Santillana. Quem comprou o Anglo foi mesmo a Abril Educação, dona da Ática e da Scipione e do Sistema de Ensino SER. Com o negócio que envolve o Anglo Sistema de Ensino, o Anglo Vestibulares e a SIGA, empresa focada na preparação para concursos públicos, a Abril Educação, que passou a ser de propriedade integral da família Civita em janeiro deste ano, conta agora com a segunda maior rede de sistema de ensino do país, com mais de 500 escolas associadas ao Anglo e as 350 que já fazem parte do SER, criado em 2007.
O negócio vai permitir que a Abril Educação fortaleça sua presença junto às redes pública e privada de ensino. O Anglo possui hoje 211 mil alunos em 484 escolas da rede privada em 316 municípios brasileiros. Outros 38 mil alunos estão na rede pública em 24 municípios. O SER já conta com mais de 85 mil alunos da rede privada. Os dois sistemas de ensino seguirão sua atuação com independência.
O valor da transação não foi revelado, mas segundo o ex-sócio do Anglo Guilherme Faiguenboim, que falou com o Valor Econômico, o Crédit Suisse avaliou a empresa em R$ 600 milhões, mas o mercado é unânime em afirmar que esse valor é muito alto. Segundo estimativas feitas pelo consultor especializado em educação, Ryon Braga, a transação saiu, no máximo, por R$ 450 milhões. Também de acordo com a matéria do Valor, Manoel Amorim, novo presidente da Abril Educação, disse: "Com o Anglo vamos entrar na área pública, onde o Ser não atuava”. "Nossa meta é aumentar, em cinco anos, a atual receita de R$ 500 milhões para R$ 2,5 bilhões, o equivalente ao faturamento da Abril", disse Roberto Civita
Guilherme Faiguenboim e Assaf Faiguenboim, membros de uma das famílias fundadoras do Anglo, permanecerão à frente das operações da empresa, trabalhando em conjunto com Manoel Amorim, contratado em junho para presidir a Abril Educação. As editoras Ática e Scipione e o Sistema de Ensino SER continuam sob responsabilidade de Mauro Calliari.
Para o presidente do Conselho de Administração da Abril Educação, Roberto Civita, a expansão no segmento reflete o empenho da empresa em contribuir para a melhoria da qualidade de ensino no Brasil. “Uma educação de qualidade é o alicerce tanto de umasociedade democrática como do desenvolvimento econômico do país. Essa iniciativa é uma evidência da reiteração de nosso compromisso com o futuro do Brasil”, afirma.
O interesse da Abril pela educação tem sua origem na década de 70, com uma forte atuação no Movimento Brasileiro de Alfabetização, o Mobral, por meio de fornecimento de materiais didáticos, no Programa Alfa, voltado para o combate à repetência de crianças da primeira série, além da criação de modernos livros didáticos nas mais diversas áreas.
A presença da Abrilno setor ganhou novo impulso a partir de 1985, com a criação da Fundação Victor Civita, que tem comomissão contribuir para a melhoria da qualidade do ensino básico no Brasil. Idealizada pelo fundador da Abril, Victor Civita, a entidade tem como prioridade o desenvolvimento das competências dosprofessores e dos gestoresda escola pública. A principal iniciativa da Fundação é a revista Nova Escola, maior publicação na área de educação no Brasil, que atinge mensalmente 1,5 milhão de professores em praticamente todas as escolas do país.
Além da Fundação Victor Civita, o Grupo Abril seguiu seu investimento na produção de livros didáticos e paradidáticos. Em 1999, adquiriu, em parceria com o grupo francês Vivendi Universal Publishing, a editora Ática, líder no mercado de livros escolares, e a Scipione, ambas conhecidas pelo lançamento de grandes sucessos pedagógicos e por contar com autores renomados na área de educação. Em 2004, a Abril tornou-se única sócia das duas editoras, criando a Abril Educação. Em 2007, foi feito um novo investimento do Grupo na área, com a criação do sistema de ensino SER.
Juntas, as editoras – líderes no segmento - têm, atualmente, mais de 3.500 títulos, entre infantis, juvenis, atlas e dicionários, livros escolares e para o público em geral e, em 2009, venderam mais de 40 milhões.
Sobre o Anglo
A história do Anglo começa em 1894, quando o educador português Antônio Guerreiro chegou ao Brasil e fundou, na cidade de São Paulo, o Ginásio Professor Guerreiro - por ele renomeado, depois da Primeira Guerra Mundial, Ginásio Anglo-Latino, em homenagem aos aliados.
As bases do Curso Anglo foram lançadas nos anos 30, com a criação de um preparatório para o vestibular da Universidade de São Paulo. Aos poucos, a instituição cresceu e firmou-se como o melhor colégio particular e o melhor curso preparatório para Exatas. Nas décadas de 50 e 60, o Anglo ficou conhecido no país pela qualidade diferenciada de seus professores e por seus recursos didáticos, como os fascículos teóricos, simulados e publicação "O Anglo Resolve", com resoluções e comentários das questões dos principais vestibulares.
Em 70, trouxe inovações importantes, sendo a principal a criação da apostila-caderno, que revolucionou o setor de material didático. No início dos anos 80, o Anglo iniciou a produção de material didático para alunos do segundo grau. Na década seguinte, deu o passo que faltava: passou a produzir material para o Ensino Fundamental e a Educação Infantil.
Hoje, o Anglo conta com escolas parceiras em todo o país, que associam o talento de seus professores com a metodologia e organização de seu sistema de ensino. Como resultado desse trabalho, o aluno Anglo adquire autonomia para o aprendizado, visão crítica e valores de cidadania. Há décadas, o sistema Anglo aprova mais alunos nos principais vestibulares que todos os seus concorrentes juntos.