Conversas com Mario Prata
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 13/05/2010
No lançamento de “Os viúvos”, o escritor participou de um bate-papo na Livraria Cultura do Conjunto Nacional

Uma conversa animada entre Mario Prata e o jornalista Ubiratan Brasil, com direito à troca de roupa em cima do palco, marcou o lançamento de Os viúvos (LeYa, 288 pp., R$ 39,90) na última terça-feira (11), na Livraria Cultura, em São Paulo. Na plateia, escritores, amigos, fãs e até uma caravana de Lins. Nela, estavam o presidente e o vice-presidente do Linense, que entregaram à Prata a camisa de ouro do time recém-chegado à primeira divisão. O escritor falou sobre literatura policial, adaptações de livros para a tevê, o ato de escrever, novelas, futebol, as famosas dicas para quem quer se aventurar na literatura e o novo site. Ele aproveitou para contar sobre o próximo livro, outro policial passado em Florianópolis e que vai tratar de um crime cometido por um político. “Um candidato a governador manda matar um cara. É isso, não posso falar mais. Principalmente porque é tudo o que sei”. E contou também que Purgatório vai virar filme.

Segundo romance policial de Mario Prata, Os viúvos traz uma nova aventura do detetive Ugo Fioravanti e de seu fiel companheiro Darwin Matarazzo na ilha de Florianópolis. Desta vez o ex-policial federal e agora detetive particular, Fioravanti, terá que desvendar dois sequestros, encontrar a dona de um belo traseiro a pedido do príncipe de Dubai e descobrir quem é o louco remetente E.R.N. que lhe envia e-mails com desabafos sobre sua vida tediosa, seus problemas com a Receita Federal e com avisos dos vários crimes que cometerá.

A ideia do livro surgiu de uma situação real. Há um tempo Prata descobriu que seu contador não estava pagando os impostos e informou isso à Receita Federal. A partir daí tornou-se o criminoso. “Com tudo o que estava acontecendo eu comecei a pensar no crime que eu poderia cometer e foi muito gostoso colocar isso tudo no papel”. O contador não sobreviveu às primeiras páginas do livro. Só o adiantamento da editora cobriu, de acordo com ele, a metade do prejuízo. Agora espera que o livro vá bem para ele poder pagar o restante.

Escrever uma série de literatura policial que não é tarefa fácil. “Por exemplo, como resolver o problema do personagem que não se encaixa no segundo livro? Valentim já começa esse volume num intercâmbio em Roma e não volta mais”, conta. “Criança em livro é pior que cachorro em novela”, brinca.

E se no meio do livro o leitor descobre algo que você não gostaria que ele descobrisse? “O leitor para de ler ou chega até o final, se decepciona e ainda chama o autor de burro”.

Outro desafio é manter-se fiel à idade dos personagens. Ou não. Seu detetive tem cerca de 60 anos e não pode envelhecer mais. “Mas pode diminuir; eu mando!”.

Mario Prata, que só tem lido romances policiais ultimamente, disse que o gênero começou com a criação das delegacias de polícia, que apareceram por causa do aumento da criminalidade, que por sua vez cresceu porque as cidades também cresceram. Pouco respeitado por muito tempo, passou a ser visto de uma forma diferente depois que um intelectual, o Umberto Eco, escreveu O nome da rosa.

Sobre adaptações de livros para novelas e minisséries, Prata disse que eles rendem alguns poucos capítulos. Contou o caso de Helena, que no livro de Machado de Assis tinha apenas 8 personagens e que para a novela ele teve de criar outros 30. “No fim, não tem nada a ver”. O autor lembrou que João Ubaldo até proibiu qualquer pessoa de adaptar um livro dele depois de terem feito isso com O sorriso do lagarto.

Para os aspirantes a escritor, deixou como dica: Escrever e ler, escrever e ler, escrever e ler. Assim mesmo, na repetição e para sempre. Disse ainda que um bom caminho é estudar os romances policiais, mesmo que o novo escritor não tenha o mínimo interesse em escrever sobre isso. “Não estou dizendo que eles são bons, mas os policiais têm a melhor estrututa narrativa e a melhor técnica narrativa”.

Linense roxo, “declamou” toda a escalação do time. “Chorei 53 anos naquele domingo em que ele foi campeão. O Santos que nos aguarde”.
[13/05/2010 00:00:00]