À procura de bons profissionais
PublishNews, Maria Fernanda Rodrigues, 05/02/2010
Mercado editorial britânico encomenda pesquisa para entender melhor quem trabalha e quem quer trabalhar com livros e jornais

O Publishing Training Centre (PTC), dedicado à formação e ao aperfeiçoamento de profissionais do mercado editorial britânico, encomendou, com o apoio de entidades como Publishers Association, Independent Publishers Guild and Association of Learned and Professional Society Publishers, uma ampla pesquisa para saber como a indústria de livros e jornais do Reino Unido recruta, investe e mantém os profissionais em suas empresas. O estudo conduzido pela BML, consultoria especializada no setor, mostrou que o maior problema na hora de escolher um profissional é, de longe, a falta de candidatos capacitados, especialmente nos níveis gerenciais. A resposta foi dada por 82% dos diretores de Recursos Humanos, que apontaram o problema como crescente nas grandes e médias empresas. Destaque também para a remuneração – menos da metade dos editores (48%) se preocupa em oferecer salários competitivos. A pesquisa durou um ano, foi dividida em diversas fases e envolveu editores, diretores de RH e dos cursos de editoração, estudantes e agências de recrutamento.

A pesquisa “Recursos humanos no mercado editorial”ouviu 33 empresas, perto de 600 estudantes, 10 diretores de universidades e 6 consultores em seleção e mostrou que a área de livros não é considerada tão interessante quanto às outras indústrias. Ela é, inclusive, vista por alguns estudantes como monótona. Essa percepção, a baixa remuneração e as poucas vagas disponíveis levam o estudante a pensar duas vezes antes de tentar uma carreira no mercado editorial. Quem quer mesmo trabalhar nessa área o faz pelo amor aos livros e à leitura e pela possibilidade de estar perto de escritores.

Quanto à área de interesse, o relatório mostra que estudantes de editoração parecem mais inclinados a trabalhar no setor de ficção para adultos (63%) e livros para crianças (56%), seguido por não-ficção/adultos (44%) e acadêmica (38%). As áreas de didáticos e de edição profissional são menos interessante para eles. Alunos de pós-graduação, comparados com os de graduação, são mais interessados em não-ficção (55% X 28%), acadêmicos (47% X 24%) e edição profissional (26% X 12%).

De acordo com o estudo, ficção é popular porque é vista como rentável e geradora de possíveis best-sellers. Já os livros infantis são considerados criativos e oferecem diversos formatos. Por fim, os de não-ficção são ditos como estimulantes e diversificados.

O relatório sugere que para atrair um maior número de candidatos potenciais, o mercado deve estar mais visível e atuante em todos os níveis da educação. E, claro, olhar com mais carinho para as áreas de negócios, ciências, direito, entre outras, já que estudantes de artes e humanidades já estão garantidos. Como se faz isso? O estudo explica: com palestras em universidades – e não apenas destinadas a ou divulgadas para cursos de editoração – e participando mais de feiras de carreira.

Por fim, diz que na hora da seleção a maior dificuldade é encontrar profissionais de edição digital, vendas, produção digital e design. Quem quiser investir nessas áreas pode encontrar um bom espaço nas editoras britânicas – e quem sabe ser o editor de um novo sucesso mundial como o Harry Potter.

Para manter os bons profissionais

O relatório aponta algumas áreas em que o setor deve melhorar para segurar seus talentos, como:

- Condições de trabalho: pequenos gestos como dias de folga, horário flexível e horário de verão;

- Reconhecimento: aumento de salário, bônus anuais e promoções esporádicas para manter o profissional estimulado e valorizado;

- Melhor gestão de pessoas: não permitir a estagnação dos funcionários e não deixar que o trabalho perca o seu desafio.

- Usar mais especialistas em seleção com expetise na área editorial

Leia a pesquisa completa em inglês.
[05/02/2010 01:00:00]