13 e-Previsões para 2010
PublishNews, Mike Shatzkin para The Idea Logical Blog, 07/01/2010
Confira algumas coisas que Mike Shatzkin espera ver no mercado editorial em 2010

No início do ano, são muitos os que consultam suas bolas de cristal para saber o que vai acontecer no futuro. E como não sou uma cara que despreza tradições, aqui estão algumas coisas que eu espero ver no mercado editorial em 2010.

1. Pelo menos um grande lançamento terá diferentes edições em e-book. Isso vai resultar da combinação das seguintes circunstâncias: as novas plataformas de leitura para e-books; o desejo dos editores e autores de equiparar o preço do livro eletrônico ao do livro impresso; a maior proximidade do autor e seus fãs via internet e a existência de dois mercados distintos para o e-Book. Um tipo de leitor apenas quer ler o livro em uma tela, já o outro quer links e vídeos e outros gadgets que realmente mudariam a experiência de leitura.

2. Surgirão novas livrarias, mas as editoras podem correr o risco de vender para essas lojas? O crescimento de livrarias vai fazer com que o comerciante tente atrair os consumidores para os títulos que estão no interior de sua loja. A primeira ênfase será em livros infantis e ilustrados, isto é, livros que precisam ser vistos antes de comprados. Então, dar descontos pode não ser tão usual como a estratégia de investir em um único best-seller temporário. Editores devem estar atentos a essa nova iniciativa, sabendo que ela até pode dar bons retornos, mas será apenas internamente até o final de 2010.


3. Graças ao digital, não haverá mais “tamanho” para um livro grande. Arquivos pequenos de e-books serão um fator real nas vendas de livros, oferecendo novas oportunidades para editores e muito mais para autores. O chamado short fiction já está bem estabelecido como um gênero de romance. Algumas editoras já estão separando histórias de antologias para serem vendidas no Kindle. Em 2010, autores e agentes vão descobrir que obras menores que livros podem ser matéria-prima para experimentação e aprendizado através da publicação eletrônica e, até o final do ano, já farão parte das vendas. Jornais e revistas também vão se interessar por essa forma de narrativa. E se uma editora pode desagregar uma pequena história de uma antologia para vendê-la em edições para o Kindle, por que o New York Times não poderia vender suas ficções da mesma forma?


4. E-books exigirão um novo tipo de indústria (que não será a gráfica). Com as novas empreitadas no campo, como a auto-publicação e a desagregação de livros impressos, o gap entre os itens classificados como “Livros impressos” e os “E-books disponíveis” continuará aumentando. No bate-papo sobre o mercado editorial, já se discute se as edições eletrônicas precisarão de ISBN, mas isso é só uma questão entre muitas outras. Em 2010, poderemos ver pelo menos um sério esforço na criação de um diretório online para livros eletrônicos.

5. Grandes editoras começarão a repensar seus catálogos. A reorganização do catálogo das grandes editoras começará em 2010. Essa remodelagem será evidente este ano, aí veremos algumas obras de grandes editoras sendo vendidas ou licenciadas a pequenas editoras especializadas. Teremos algumas editoras publicando somente romances, outras, ficção científica, mistério, etc.

6. O livro eletrônico vai contribuir para o lucro de muitos títulos. No final de 2010, as vendas do livro eletrônico vão constituir pelo menos 20% dos bestsellers e, no mínimo, 10% dos megasellers. (Essas são previsões para um livro de narrativa escrita; livros infantis e ilustrados ficarão para trás consideravelmente.)

7. A estratégia do “windowing” vai se tornar obsoleta. No final de 2010, a prática de “windowing” para os e-books – isto é, retardar seu lançamento até que a edição impressa seja publicada – vai acabar com uma crescente evidência de que as vendas do livro eletrônico (a qualquer preço) estimulam as vendas do impresso (a qualquer preço), sem desencorajar editores e agentes. Além disso, todo esse esforço de nada adianta para impedir os descontos da Amazon (A Amazon não pode lidar com tantos concorrentes; veja o número 11 abaixo). E a maioria dos leitores tem preferência por um suporte – livros digitais ou papel – e as pessoas que lêem em ambos serão a minoria.


8. No mundo digital, territórios geográficos não farão muito sentido. Administrar direitos territoriais para e-books será um sério problema que a indústria terá de enfrentar. Como os e-book estão cada vez mais separados de seus respectivos e-readers (uma tendência que até a Amazon encoraja, com o seu software Kindle funcionando em PC e iPhone até o início de 2010), pessoas do mundo todo se frustram quando um livro é impedido de chegar ao seu país por causa de um inadequado regime de direitos. Com o crescimento de dispositivos de leitura, é quase impossível policiar esses direitos efetivamente. Autores de sucesso internacional entendem cada vez mais a frustração de seus fãs e, através de seus agentes, fazem lobby para abrir mercados a fim de resolver esse problema. Editoras americanas apóiam a ideia e pequenas editoras resistem a ela, mas é certo que ao final de 2010 os direitos territoriais estarão sendo aplicados apenas às edições impressas.

9. Autores começam a parecer editores. Alguns autores que possuem uma grande quantidade de seguidores no Twitter e no Facebook começam a indicar livros de outros escritores e isso tem um impacto muito positivo. Além de agilizar a obtenção de blurbs, as mídias sociais são os novos megafones dos autores. A previsão para 2010 é que essa prática comece a se tornar comum. E para 2011, esses autores quase editores, terão contratos com grandes editoras apenas para selecionar e promover a escrita de outra pessoa.


10. A concorrência será acirrada no mercado de e-readers. Com a chegada do Google Editions, prevista para a segunda metade de 2010, haverá muitas oportunidades para o mercado de livros eletrônicos através de vários players: Google, Amazon, Apple, Baker & Taylor’s Blio, Kobo (da Indigo do Canadá), e Sony. Mas eles não estarão sozinhos! Como os e-readers empregam dispositivos que podem aceitar várias plataformas de leitura, a experiência será determinante para a fidelidade do consumidor.


11. Cada arquivo em si terá mais valor do que a receita da venda daquele arquivo. Pelo fato de haver muitos players lutando por uma posição firme no mercado, grandes descontos em e-books serão normais. Isso vai impossibilitar editores de manter um preço de capa (e o lucro por exemplares vendidos) alto. E os consumidores vão ver os e-books como uma alternativa mais barata.

12. Veremos grande integração na oferta de e-books com outros produtos e serviços. O desafio do merchandising para e-books estará a cada página da web. Em 2010, veremos anúncios de e-Bookstores em sites que nada tenham a ver com livro, que tentarão criar produtos integrados com o livro eletrônico.

13. Os editores de livros deverão admitir a grande confusão sobre o produto que oferecem. A grande questão de 2010 será “o que é um livro?”. As editoras vão lançar produtos que contêm vídeo, áudio, animação e jogos interativos. Os produtores de filmes, TV e jogos vão enxergar um mercado alternativo e um novo canal disponível. Será difícil dizer onde um para e outro começa (e totalmente irrelevante).
[07/01/2010 01:00:00]