A inglesa Margaret Mee foi uma artista botânica e destemida pesquisadora da floresta tropical brasileira. Pois agora, nas comemorações de seu centenário de nascimento, os leitores é que ganham o presente. Flores da Floresta Amazônica - A arte botânica de Margaret Mee (Escrituras, 168 pp., R$ 99,90) traz cerca de 60 dos principais trabalhos da artista, com desenhos adicionais produzidos durante suas viagens pela floresta, desde a sua primeira expedição, em 1956. Os textos foram extraídos diretamente dos diários que ela mantinha durante suas extensivas – e muitas vezes solitárias – aventuras pelo Amazonas, e trazem seus comentários sobre as flores, árvores, aves e animais da região, as rotas, itinerários e plantas encontradas, bem como suas opiniões sobre a floresta tropical brasileira que desaparecia rapidamente.
Margaret Mee ficou fascinada pela miscigenação brasileira, ao encontrar, em seu caminho, os habitantes locais, com os quais teve a oportunidade de viver por algum tempo, tornando-se amiga de muitos, com o passar dos anos. Dotada de uma estrutura física pequena, olhos azuis e cabelos louros, achava importante não permitir que seu padrão físico interferisse em seu trabalho, mantendo sua aparência o mais simples possível. Lutou e perdeu algumas batalhas contra terríveis insetos, como o pium, por não usar luvas e redes sobre seu chapéu; mas nunca perdeu o senso de humor, mesmo após as situações mais perigosas e hostis.
Nas colônias onde permanecia, visando preservar as plantas pelo maior tempo possível, cultivava pequenos jardins onde plantava os espécimes, muitos dos quais terminaram em centros de pesquisas de São Paulo e do Rio. Mee esteve envolvida em pesquisas no Instituto de Botânica de São Paulo, o que a proporcionou viagens por todo o Brasil e ampliou seus conhecimentos sobre as plantas e suas riquezas. Manifestava frequentemente seu desagrado em relação à exploração destrutiva da Floresta Amazônica, o que se transformou em uma cruzada apaixonada pela preservação do ambiente, que conquistou a admiração e o respeito de muitos, como o amigo Roberto Burle Marx.