Uma biblioteca que foi palco de toda uma vida é o que o escritor Jorge Luis Borges coloca como “evento principal” de sua vida. Ele conta essa história em Ensaio autobiográfico (Companhia das Letras, 88 pp., R$ 32 – Trad.: Jorge Schwartz, Maria Carolina de Araújo), que foi pensado inicialmente para ser uma breve introdução à edição norte-americana de The Aleph and other stories. O texto saiu primeiro na conhecida revista The New Yorker em setembro de 1970, e é um dos mais longos de um autor conhecido pela concisão e frugalidade. Borges fala de seus ancestrais paternos e maternos, de sua infância quase isolada do mundo, de suas experiências ruins na escola e da grande biblioteca de seu pai, da qual ele acredita "nunca ter saído". A partir dessas primeiras leituras, quase todas em inglês, ele traça a autobiografia literária e intelectual que compõe o cerne do livro. São informações preciosas para compreender a formação e a carreira de um dos escritores mais singulares do século XX.