A Mantiqueira foi show de bola!
PublishNews, José Luiz Goldfarb, 04/06/2009

Beatriz Bacher

Antônio me faz falar: saber que pessoas estranhas me leem, isto é importante, mexe comigo, mexe com o que estou fazendo e escrevendo daqui para frente. Há sempre a história da culpa em meus livros, não imagino alguém sem culpa. Humano é culpa.

Wilson Bueno

Busco a prosa experimental. Não consigo fazer a narrativa do romance que começa comportado... Busquei algo que eu sabia fazer. Em Paraguai misturei todas as línguas; borrar fronteiras. Fronteiras físicas, fronteiras literárias... Loucuras para os fãs de traduções.

Menalton Braff

Moro num lugar aonde as decisões são tomadas fora. Sempre impérios. Romano, Reich. Resolvi fazer concorrência com o Boris [Boris Fausto, presente na plateia] e fui estudar história. Quanto mais eu avanço mais eu enfraqueço. O Império Romano se estendeu e se enfraqueceu. A partir daqui eu elaboro meu romance. Quem sabe vivamos um dia sem impérios. Precisava me tranquilizar sabendo que um dia teremos um mundo sem impérios. A muralha pode proteger os que estão dentro ou pode prender os que estão fora. Pode isolar os que estão fora ou proteger os que estão fora...

Cristovão Tezza

O filho eterno foi um susto; o livro mais difícil da minha vida; tema que apaguei por muitos anos – um Buraco Negro. Acho que problemas pessoais não têm a ver com a literatura. Meu filho com Síndrome de Down era uma casca de banana no meu caminho. Eu escrevia livros sem envolvimento pessoal. Para fazer ficção tive de me livrar de mim mesmo para tornar-me personagem. Eu não esperava tamanha repercussão. Difícil falar em causa própria. Ficção com pé na realidade.

Luis Fernando Veríssimo

No romance policial americano a investigação abala o poder. No romance inglês, na cidade pequena, não abala o poder, tudo volta ao normal. Todo romance é um romance policial, envolve desvendar. No policial tem crime, o corpo assassinado. Mas sempre desvendar.

Tatiana Salem Levy

Estou obcecada pelo silêncio; não há lugar para o silêncio no mundo que vivemos. Meu livro veio de histórias que ouvi em casa, a chave dos judeus sefaradis. Minha família veio da Turquia. Meu avô voltou a Portugal e ganhou cidadania. Mamãe e papai moravam na mesma casa na Turquia. Os Salem em cima e os Levy em baixo, mas vieram se conhecer no Rio de Janeiro. Não queria fazer uma coisa histórica porque a memória é fragmentada, cheia de vazios. Daí os capítulos curtos, fragmentados. Não é autobiográfico. Não sou o personagem do livro.

Miguel Sousa Tavares

A História é feita pelas pessoas. Sou apaixonado pela história. Meu pai era advogado e minha mãe, poetisa. Tinha muita literatura brasileira nas estantes de casa. Meu pai organizava os livros por assunto, minha mãe: os que gosto, e os que não gosto (muitos risos na plateia). Tentei ser poeta como a mãe, mas quando ela leu meus escritos disse: “Escreva prosa.” Escrevo para os outros, não escrevo para mim; quero que gostem do que escrevo.

Assim são os escritores ao vivo. Impressões, ideias, dicas, reflexões, pensam fazem pensar. Assim foi a segunda festa das letras em São Francisco Xavier. Para quem perdeu em 2010 tem mais. E até lá muitas, muitas festas literárias pelo Brasil afora. Que ótimo. Gooooll!

*José Luiz Goldfarb – especialista em projetos de incentivo à leitura, especial para o PublishNews
[04/06/2009 00:00:00]