Amigos desde a infância
PublishNews, 16/08/2006
Aconteceu em Tânger, cidade cosmopolita, no final dos anos 1950. Dois adolescentes, Ali e Mamed, conhecem-se no Liceu Francês, passam a andar juntos e se tornam amigos. Durante quase trinta anos, essa relação será afetada por mal-entendidos, duras provações sofridas juntos, ciúme disfarçado e traição. Essa amizade arrebatadora quase chega a se assemelhar a uma história de amor de final infeliz. No entanto, no romance O Último Amigo (Bertrand, 128 pp., R$ 22, trad. Maria Ângela Vilela), do marroquino Tahar Ben Jelloun - nome cotado para o Prêmio Nobel de Literatura -, os personagens, de forma quase antagônica, dão a sua versão dos fatos. Constata-se que eles não viveram a mesma história. A ingenuidade de um tem como contrapartida o egoísmo perverso e destruidor do outro. O que o autor nos mostra em O Último Amigo é um conflito extremamente complexo, aliado a um retrato cruel do Marrocos dos anos de repressão e das desilusões que se seguiram. O livro deixa entrever uma sociedade complexa e contraditória, arcaica e moderna. Mesmo quando se é exilado do Marrocos, volta-se lá para morrer.
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