Este Santos Dumont - Bandeirante dos ares e das eras (Madras, 248 pp., R$ 38,90), de Homero Pimentel e Paulo Urban, descreve um vôo sensível sobre a vida de um brasileiro que, obstinado em sua genialidade, trouxe consigo desde a infância a certeza de que daria asas à humanidade. Santos Dumont não foi só o primeiro homem a solucionar o problema do "mais pesado que o ar", como revolucionou o mundo, alçando a consciência planetária a um inédito portal, passagem para as conquistas espaciais da Nova Era. Os autores, pai e filho, passam a limpo com coragem, de asa a asa e do bico à cauda, a polêmica a respeito de quem voou primeiro, se foi Dumont ou os irmãos Wright, não deixando pedra sobre pedra no aeroporto da infâmia estadunidense, desde a sala de embarque até a aterrissagem final, quanto àquilo que é verdade ou mentira em toda a rota desse malfadado dilema. Sobrevoam ainda a verdadeira história do balonismo, pioneiramente trilhada por brasileiros ilustres, cujos nomes, entretanto, estão esquecidos pela versão européia dos fatos. Em um dos pontos culminantes do percurso a nave invade espaços aéreos interditos do mundo psicológico de Dumont, desvelando paisagens noturnas de sua alma em um capítulo voltado à única questão verdadeiramente existencial: o suicídio.