História do Rei Transparente, de Rosa Montero (Ediouro, 372 pp., R$ 44,90, trad. Joana Angélica), nasceu da paixão da autora pelo mundo medieval. Não que ela tenha decidido elaborar um romance histórico sobre o século XII e depois levantado a documentação necessária. O romance surgiu espontaneamente de uma imersão prévia no tema e do seu apego, como leitora, a essa época de nosso passado. "Se eu tivesse de enquadrar este livro num gênero narrativo, o melhor seria no de aventuras e no fantástico", explica. A peripécia existencial de Leola, uma jovem camponesa que despe um guerreiro morto num campo de batalha e se veste com as roupas de ferro dele - para se proteger sob este disfarce viril -, também fala do mundo atual e daquilo que todos somos. A trajetória da cativante personagem é narrada em primeira pessoa. Leola é uma mulher que sabe ler, escrever, nasceu serva e, no entanto, é livre. Livre para partir para uma insólita viagem pela Idade Média e o Renascimento, onde Rosa Montero quis captar os mitos e os sonhos, o odor e o suor daqueles tempos, habitados por nobres, feiticeiras, damas e guerreiros.